EU ÉDINHO - Jardim do Éden

Escrevi no escuro... Na verdade uma grande brincadeira A-E-I-O-U...

Se eu achasse impossível explicar

Acreditar, confiar, perdoar e amar

Enxergar, avaliar, aceitar e respeitar

Andar, desviar, pular e continuar

Quem será que eu seria ?

Se eu não soubesse viver

Conceder, conviver, aprender e entender

Perceber, deter, reter e resolver

Querer, prever, poder e fazer

Quem será que eu seria ?

Se eu não pudesse dividir

Sair, invadir, iludir e cair

Sentir, reagir, partir e agir

Insistir, conseguir, repartir e sorrir

Quem será que eu seria ?

Se tudo pra mim tivesse a mesma cor:

O sabor do calor seria verbo

O senhor do pavor seria credo

O pastor do perdedor seria certo

E a dor do amor estaria perto

Mas e eu, quem seria ?

AEIOU, vogais outro que determinou

O chão que piso outro já pisou

Tudo que penso outro já imaginou

O mundo que compartilho ELE quem criou

Mas e eu, quem eu sou ?

Eu sou o tempo de uma idade

Assim como o amanhã será o hoje que passou

Sou o exemplo da verdade

Assim como a mentira que o outro inventou

Sou o ser mais acompanhado por mim mesmo

E não sou a canção que o Raul cantou

Uma coleção de alheias vidas e confições

Múltiplo, súbito, personagem infinito

As palavras nestes versos não vão a esmo

O meu caminho foi meu dedo que apontou

Os meus atos, as minhas sensações

Causam impactos e refletem quem eu sou.

Mas se assim não fosse, quem eu seria ?

Rimar uma estória rica de detalhes

É um prazer ao qual me entrego totalmente

E rapidamente fogem tantas muitas partes

Rabiscando a minha e a sua mente

De qualquer forma sou quem seria

Edinho assim, pretenso a poeta

Eu assim, tentando fazer filosofia

Adulto que deixou a porta da criança aberta

Eu sou e seria esse de qualquer jeito

O melhor, o maior, o mais imperfeito

O sonhador mais realista

O apostador mais otimista

O marido mais ausente

O julgador mais cruel

O pai mais exigente

O amigo mais fiel

Esse sim, esse sou eu, o Edinho

Um mundo inteiro de carinho

Um coração que vive a esperança

De alguém que viva eu criança

As formas me surpreendem

Os desafios me atraem

Os detalhes são os que prendem

E meus sins sempre me traem

Vejo outras pessoas com as mãos

À distância absorvo seus interiores

E assimilo, vivo, experimento seu ímo

Sou o outro em outro assim por um instante

Não procuro ou intenciono tais ações

Apenas provo seus sabores

E então dentro do seu íntimo

Em você agora sou viajante

Risos... Lágrimas... Sáliva

Sou forte como o mar

E imponente como a montanha

Necessário como o ar

E aquele que sempre ganha

Sou o acerto da medida por rumo

O que alinha sem precisar do prumo

Eu não preciso ver para saber

Aquilo que à frente irá acontecer

Sou a cura da inocência

E a ingenuidade da confiança

A certeza da coerência

Na mais desejada esperança

Não espero. Nem sentado e nem de pé

Corro, me adianto, encaro de frente

Se existe uma palavra grande, pense:

A maior de todas as palavras é FÉ

Vou do doce ao amargo

Os extremos sempre nos testam

Mínimo universo aos passos largos

Aos que se privam das ofertas

Não vejo curvas, vejo retas

Águas turvas, águas limpas

Mil Édinhos ao meu redor

Mas um só me faz maior

A VIDA É O AR QUE RESPIRO

A ÁGUA QUE BEBO

A ALEGRIA QUE TENHO

PELO AMOR QUE TRANSPIRO !