Como eu queria

É simples, queria muita coisa não!

Era só um cavalo com as tralhas

uma rede, um colchão velho de palha

um lugar no meio do sertão!

Queria uma casa na serra

Um quintal batido de terra

Pé de umbú, cajá e mamão!

Um terreiro varrido com as ramas

Um cachorro deitado na porta

Umas criação, um curral, uma porca

Plantar e colher com a mão!

Queria sentar no batente da casa

Enquanto o café ta no fogo

Ao longe um tiro, um estouro

Caçador de arma na mão

No céu, pousar meus olhos serenos

No limiar dessa imensidão

Não sei se o sonho é pequeno

Ou grande é a solidão

Nem que eu tome veneno

Já morto, duro e fedendo

Eu vou voltar pra o sertão

Preparando as malas pra voltar

Hoje, quem sabe um dia

Chamo isso de saudade

Outros chamam de agonia

Deixarei de chorar de saudade

Não mas vou repetir essa frase

Ah, como eu queria!

Santaluz Bahia, Decimo oitavo dia do quarto mês de dois mil e quinze ano do nosso senhor Jesus Cristo.

Laudo Costa.

Laudo Costa
Enviado por Laudo Costa em 29/04/2016
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