VAZANTE DA SAUDADE

Barulho do tempo antigo

monjolo e pilão soca, soca.

Saudade que anda comigo

é bicho que sai da toca.

Socando e abrindo ferida.

Cisterna escavada no peito

jorra lembrança doída,

rio que não cabe no leito.

Vazante por onde escoa

lembrança de boi e boiada,

tempo de chuva e roça boa,

inhambu piando na palhada.

Mulheres fazendo novena,

moreninha me olha de lado.

Muita gente em casa pequena,

no terreiro viola em ponteado.

Carro de boi puxando carga

vejo saindo dessa cisterna.

Carregando saudade amarga

da vida que eu queria eterna.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 17/08/2015
Reeditado em 23/03/2017
Código do texto: T5348995
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