Onde eu estava?

Certo dia procurando-me, não encontrei, fiquei com isso um pouco abalado por ter abandonado sem prévio consentimento, meu já bastante castigado pela vida, corpo responsável em me manter de pé neste mundo de tantas e tantas descobertas, algumas sem o menor sentido de existência. Talvez seja por isso que estou me afastando cada vez mais de mim mesmo, todas as vezes que não concordo com certos comportamentos, contrários aos ensinamentos por mim recebidos no decorrer de minha formação como ser humano, inserido em uma sociedade até então tida como, um ajuntamento de pessoas éticas e acima de tudo dotadas de um respeito ao próximo fora do normal.

Aí está a razão de afastar-me e ficar horas e horas analisando-me, para ter certeza de que realmente estou muito longe de ser o que chamam hoje de homem moderno. É uma pena porque sempre tenho que voltar a habitar este corpo, aparador inconsciente das mazelas mundanas modernas. Mas por outro lado dou graças por ter aprendido me abandonar, nos momentos que vejo estar precisando de sossego e descanso espiritual, mas ao mesmo tempo ainda me doe saber que ainda não consegui de tudo isolar meu corpo carnal ou seja, meu outro eu, de assimilar todos os impropérios dirigidos a nós dois. Essa a razão o porquê, que muitas vezes ao ser procurado não responder de imediato, mesmo estando presente. Faço de meu afastamento refúgio, para reflexão e descanso, mas ainda não descobri o verdadeiro tamanho de minha paciência, espero que ainda tenha uma boa reserva e que essa reserva impeça meu lado perverso de aflorar.

Mas agora peço licença, pois preciso outra vez afastar-me, se acaso precisar de mim é só beliscar o meu eu carnal e retornarei ao nosso mundo, para atendê-lo, um até breve.

ChangCheng
Enviado por ChangCheng em 15/03/2008
Reeditado em 15/03/2008
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