A Morte e Eu.

A Morte e Eu.

Sentado embaixo de pé de Cajá, eu saboreio a fruta verde, olhando para o firmamento com a mesma pergunta de outrora.

Passava por mim, motos, carros de boi, cavalos e rebanhos num vai e vem diário. Ao longe eu avistava lembranças de um tempo infantil, meus tios fazendo-me sorrir, tia Dode junto com minha vó fazendo doce de leite em caldas para a sobremesa.

Meu avô sentado na espreguiçadeira cochilando com a boca aberta e um palito preso aos lábios. Neste momento de recordações tantos personagens extintos circulavam entre o agora e o ontem deixando-me sem saber definir o real e o imaginário.

De repente um mulher vestida de negro senta a meu lado, aquele manto suave confortava-me e assustava-me ao mesmo tempo. Tempo, nessa projeçao de segundos tornava-se dias corridos sem sair do lugar. O capuz encobria sua face, mas, eu podia saber da reação de sua face, era uma face entristecida, um olhar profundo quase inexistente, entretanto, enxergava um futuro jamais visto pelos olhos humanos.

Sem retrucar disse um olá, apesar de não se mexer respondia. Perguntei o fazia por ali, pois, nunca tinha-a visto. Ela prontamente falou estar em busca de alguém. Perguntei se poderia ajudar já que conhecia todos ali. Ela sorriu dizendo ter encontrado-o que só estava esperando a hora dele chegar e não iria demorar. Ainda sentada a meu lado chegou mais perto, seu corpo era frio, sua epiderme alva como o luar daquele interior atraia o meu como um amante entre quatro paredes.

Voltei meus olhos para o firmamento pela última vez, com a mesma pergunta sem a devida resposta, de súbito suas mãos seguraram as minhas induzindo-me a segui-la. Quando dei por mim já estava fora da Cajazeira sem matéria, sem espírito, sem lembranças. Perguntei então para aquela mulher se o personagem que esperava tinha aparecido. Ela prontamente respondeu que ele estava do lado dela o tempo todo, foi então que percebi que se tratava de minha pessoa, e, quando deixei de olhar para o firmamento e sim a terra vir-me dormindo na velha rais sem mais nenhum movimento e a resposta de que não tive como mágica se revelou. Na revelação a morte me acalentou.

Texto: A Morte e Eu.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 15/05/2024 às 22:17

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 18/05/2024
Código do texto: T8065589
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