Às mulheres (uma reflexão)

Em 2023 cerca de 200 mulheres receberam o diagnóstico de câncer de mama por dia!

Em setembro de 2022 durante o auto-exame semanal que faço já tem alguns anos em um banho demorado observei a coloração da mama esquerda divergente da direita. Em agosto de 2023 observei no auto-exame uma pequenina lesão (do tamanho de uma ponta de caneta) na mama esquerda. Em outubro de 2023 o susto, o sangue vivo que manchou a roupa enquanto trabalhava, no lençol após dormir…

Os sintomas estavam lá: a lesão estava evidente, a coloração, o incômodo esporádico, enquanto os médicos me disseram que era micose, fungos, dermatite de contato.

Em fevereiro de 2024 após remoção do tumor e três biópsias de confirmação, o resultado: um tumor benígno de alta complexidade. Não era câncer, passei perto, tive sorte, a mesma sorte que uma mulher de 40 anos que saiu do consultório 10 min antes que eu entrasse, não teve naquele dia.

Respirando agora, consigo calcular qual sorte é essa, todas as vezes que semanalmente parei 20 minutos na semana para fazer o alto exame desde os 23 anos, 8 anos x 52 auto-exames anuais x 20 min= 8320min aproximadamente 138h.

O tumor foi retirado porque existia um prazo e risco de acelerar em 5 vezes a chance de câncer. Sim, eu tive sorte.

Tive sorte de parar para me observar e conhecer, tive sorte de imediato o gene não ser de um câncer agressivo chamado Paget.

Parando para observar em uma clínica de exames de rotina, 4 mulheres falavam a respeito, enquanto eu a quinta mulher escutava todas elas dizerem: eu tive sorte.

Enquanto trabalhava uma amiga me disse que outra colega havia tinha Paget, e eu a procurando, ouvi o relato de outra mulher que teve sorte ao identificar uma micro mancha na mama, recebeu o diagnóstico no comecinho da doença, fazendo a mastectomia total de uma mama, enquanto os médicos diziam que não era nada. Outra que teve sorte…

É difícil dizer que todas nós 6 saímos bem porque tivemos Deus, e todas as 73mil com diagnóstico de câncer em 2023, não tiveram?! Quantas padeceram, todas tiveram Deus. Porque Ele é muito maior que a dor, sofrimento ou morte, e sua misericórdia é maior que a nossa inocente e frágil percepção de quanto Ele nos ama. Me reservo a insignificância da sorte.

Mas aqui reflito quanto a probabilidades de termos sorte enquanto vamos diariamente lutando para sermos e nos reconhecermos nesse mundo. Quantas mulheres por desconhecimento ou por negligência, por falta de oportunidade ou por simplicidade, descuidam e não se tocam pela vergonha de ser elas mesmas? A falta de sorte que nos colocam em processo de vulnerabilidade diante dos nossos companheiros, dos nossos filhos, desprezadas pelo nosso entorno, violentadas e violadas pelo nosso destino, que nos faz cuidar incessantemente do outro sem nos lembrar de nós mesmas.

É difícil refletir, mas encontramos nestes momentos um Deus vivo, para chamar de nosso amigo, enquanto a dúvida nos assolar ou a sorte nos faltar, enquanto estivermos por aqui, vivendo essa viagem finita e não menos surpreendente que é a vida!

É difícil refletir, mas hoje me coloco na posição de alertar, que o fardo do câncer é mais próximo do que pensamos, mais corriqueiro do que gostaríamos, mais comum do que julgamos ser. Então, por favor, façamos a nossa parte para que a sorte faça o papel dela, eis a minha lição.

Para finalizar:

Que o mundo esteja fora do lugar, que estejamos revirados e do avessos, sejamos íntegros e inteiros, para sofrer ou sorrir, para amar e desamar, para confiar que Deus em nós precisa de um espaço para morar. E nós dependentes d’Ele, só d’Ele, confiamos de que não há cálice de fel maior, dor maior, do que Jesus passou para nos salvar.

A nossa certeza, o sacrifício, a “sorte” comprada a preço de sangue que Deus nos deu, para nos resgatar.

10/03/24

Keith Danila
Enviado por Keith Danila em 14/03/2024
Código do texto: T8019931
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