Sobre minha infância

Queria poder esquecer boa parte da minha infância, quem me dera não lembrar das diversas vezes em meus primeiros três anos de vida em que fui tocada de maneiras cruéis, de como era forçada a fazer coisas que não entendia, mas que era pertubadoras na hora de dormir.

Três anos de idade parece muito pequeno para se ter uma lembrança, e mesmo depois de 30 anos, ainda me lembro de cada senário, de cada rosto que me fizeram mal, imagino que daqui a 50 anos, ainda terei essas mesmas lembranças, não que eu as queira ter, mas pelo fato de que elas não saem da minha cabeça, e não importa o que eu faça, elas estão sempre vivas.

Queria que tudo tivesse acabo aos três anos, porém mau eu sabia que tudo aquilo era só o começo.

Nunca pude falar o que me acontecia, por que sentia medo, depois de um tempo, comecei a entender mais as coisas, e foi aí que percebi o quanto seria vergonhoso falar sobre tal assunto, uma vez que me sentia suja e culpada, mesmo não sendo.

Achava que aguentar tudo sozinha, era a única forma de ficar bem, não tinha certeza se os adultos poderiam me ajudar, lembro-me que certa vez relatei aos meus pais que um homem já velho que morava na minha casa, ia no meu quarto pelas madrugadas, eles ficaram meio surpresos, mas não fizeram nada, o deixaram lá, e eu continuei sendo visitada pelas noites de pesadelos. E foi com meus 9 anos, que descobri que os adultos nunca iriam me ajudar, eles não acreditam em crianças, foi o que comecei a pensar, e desde então, comecei a fugir.

Sempre que me sentia desconfortável, fugia para a casa de alguém, tentava procurar segurança, mesmo não falando o por que de estar ali, devo dizer que esses lugares me deixava segura, por um tempo, por que logo eu tinha que voltar para minha casa e reviver tudo de novo, eu ficava pedindo a Deus para o dia nunca acabar e eu ter que ir dormir, por que dormir significava meu pior pesadelo.

Continua…

Patty Kawaii
Enviado por Patty Kawaii em 22/02/2024
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