O Motivo

Quando decidi começar a escrever sobre isso (necessário ler os textos anteriores talvez para entender o "isso") não tinha a menor ideia do que iria escrever. Simplesmente lia durante minha ida para o trabalho no trem, a leitura me alimentava, me inspirava, me tornava um pouco maior. Achei que seria justo que escrevesse sobre isso. Não dê uma forma de resumo, pois resumir o que alguém escreveu é muito teórico.

Escrever ou entender o livro é você saber colocar aquilo que leu na sua vida e muitas vezes somente pensar não é o bastante, claro que isto é só o meu ponto de vista, mas acredito que faz mais sentido quando lemos algo e tentamos aplicar na nossa vida ou ao menos lembrar de quando vivemos experiências semelhantes.

Como artista, sem querer me limitar a escritor, poeta ou letrista, vejo que muitas vezes passei ou passo por experiências que estão descritas em livros e sei que alguém também tem aquela mesma sensação ou até o mesmo sentimento durante o processo criativo. Isto me leva a crer que há inúmeras pessoas que se sintam de maneira igual ao ler algo que os inspirava, pois todos somos humanos.

A verdadeira questão é que em meio a vida atribulados se sente a necessidade de escrever, somente pensar sobre aquilo não é suficiente, é necessário refletir e para refletir é preciso escrever. Não é uma regra geral, mas acredito muito nesse método.

Conversar com amigos sobre as coisas da vida ou sobre um livro que acabou de ler, não de maneira teórica, mas sim de maneira prática também é outro método. Contudo, quantas vezes fazemos isso no dia a dia?

Tenho a sensação de que sempre há duas vidas, a vida cotidiana e a vida extraordinária. Na vida cotidiana os assuntos são sempre os mesmos, umas leves e brincalhões (pelo menos para mim que sou brincalhão, risos). Já na vida extraordinária me parece que é algo para além do que consigo conceber, é algo que me completa, um alimento para a alma. É claro que é possível falar disso com amigos, só que, quantos deles se interessaram? Por isso a escrita se faz tão necessária ao meu ver, é conversar consigo mesmo.

Houve uma fase em que forçava diálogos de cunho filosófico, artístico ou vital com meus amigos. Verdade seja dita, me tornei uma pessoa chata naquele momento. Não soube diferenciar a leveza da vida e a disciplina que a vida exige. Saber diferenciar essas coisas é extremamente difícil e também necessário. Por isso que a escrita, pelo menos para mim, se torna visceral. É quando converso comigo mesmo e lembro que tenho que seguir as leis da natureza, no restante do dia, levo um sorriso leve e brincalhão, tirando o peso das palavras e sendo uma pessoa mais feliz e equilibrada.

Flávio Silveira Stefani
Enviado por Flávio Silveira Stefani em 07/02/2024
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