Pai de Dois Autistas

Hoje eu queria desabafar um pouco, porque 2023 está acabando e estou quase acabado. Eu estou certo que este foi o ano mais desafiador da minha vida e não tenho dúvidas disso. O ano letivo das escolinhas que meus dois filhos fazem estão se encerrando, e creio que já dá para dar o veredito de 2023. kkkkkk. O ano começou comigo no Japão, e meus filhos aqui no Brasil. Em julho, ou seja, bem no meio do ano, eu tive que voltar ao Brasil e assumir o controle total dos meus dois filhos, detalhe: os dois são autistas.

Resumindo, estou totalmente estressado, porém satisfeito. Estressado, porque cuidar de dois filhos autistas integralmente é o maior desafio que alguém pode ter. Tenho dois filhos: uma princesa linda chamada Deborah Ayumi Nagai, de 8 anos, com Síndrome de Down e Autismo (grau 3 de suporte) e um filho chamado Jesseh Yuki Nagai, com Autismo (grau 2 de suporte). Os graus 3 e 2 não querem dizer que são piores que o grau 1, por exemplo, autismo é o autismo para todos, mas o grau é em relação ao suporte, ou seja, ao apoio que as crianças precisam.

Dito essas coisas, meus filhos não desfraldaram ainda, ambos são "não verbais" (não dialogam, não expressam o que querem), etc. Ambos precisam de apoio na comida, o Jesseh tem restrição alimentar, só come tomate cortado igual sempre, só come frutas doces, e só come proteínas, foi uma alegria até pros professores dele quando ele começou a comer arroz purinho. kkkkk. A Deborah, come sem limites, o problema é que precisamos impor limites.

Ambos são o contrário, kkkkk, como vocês podem perceber, quando pedíamos pizza era o Jesseh só comendo o recheio e a Deborah só comendo a massa, então um completa o outro e um ama muito o outro. A Deborah é preguiçosa ao extremo, enquanto o Jesseh é hiperativo. Pra passear o Jesseh puxa a gente pra frente enquanto a Deborah puxa a gente pra trás, se uma pessoa só segurar as mãos dos dois, com certeza despedaça no meio.

Bom, entendendo isso. vocês podem ver como foi o meu ano. Fiquei 8 anos no Japão, sendo nesses anos 3 com meus vilhos e outros 5 sozinhos. Esse ano voltando ao Brasil, emagreci, cansei-me, fiquei doente, não descansei um minuto. Mas valeu a pena? em comparação com o que meus filhos estavam vivendo antes valeu a pena totalmente. Porque a gente vê a evolução nas crianças. Hoje estão nas escolinhas, fazendo terapias, melhorando a rotina, saúde e educação. Sim. Tudo isso foi cansativo, sinto-me exausto, mas vou levando a vida, enquanto pra mim foi o ano mais desafiador da minha vida, tenho a certeza que pros meus filhos, apesar de eles não me falarem, foi o ano mais espetacular da vida deles.

Deus abençoe a leitura e a escrita de todos vocês e até a próxima.

fui....

Eduardo Eide Nagai
Enviado por Eduardo Eide Nagai em 09/12/2023
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