A chave hermenêutica

Apenas as grandes almas estão sujeitas a alcançar os picos mais altos, assim como os vales mais profundos. O ser tomou a minha consciência, como se eu e ele fôssemos um. E agora não há nada que eu possa fazer para me livrar dos pensamentos que me assombram. Descarto tudo o que é belo, galante e solene com a mesma facilidade com que deixo de lado a minha prudência e paciência, tratando o Outro como deve-se, isto é, por ser invasivo desnecessariamente, vazio de significado profundo e irrelevante para tudo o que faço. Sois apenas o tropeço de um ente, um nada a tentar conceituar-se... Em mim há polifonia, em mim há mistérios e realmente não espero que os que me leem agora possa vir a compreender, pois em mim há mais do que a clássica dicotomia entre ser e não-ser, assim como eu não posso ser reduzido a uma análise redutivista. O saber para mim é o que há de mais pura alteridade amena e inquebrantável, só por ser o que deve ser em sua essência, ou por outra, um conglomerado de assembleias de fase que são ativadas por uma percepção ou estímulo proveniente do mundo externo, que também se relaciona com as variáveis intervenientes; a consolidação só é possível após o novo conhecimento ser incorporado aos subsunçores e, assim, a estrutura cognitiva ou as novas assembleias de fase que são ativadas pela associação entre propriedades semelhantes aquelas do objeto anteriormente observado. Como podemos observar, tal conhecimento é semelhante ao conceito de conexões neurais que formam uma via neural. E “após a assimilação, o revestimento da bainha de mielina, que encobre o axônio”... Meu ponto de ancoragem sou eu mesmo que faço. Minha aprendizagem é sempre significativa, pois não há nada em mim que seja mecânico, mesmo que tais conceitos não sejam necessariamente excludentes. Eu realmente não espero que após esse texto tu caro leitor venha a compreender claramente o que escrevi, pois os seus processos mentais superiores somente a ti pertencem, logo, está nítido que não pretendo entregar os “nomes”, dado que não quero que aqueles que se vangloriam da sua “simulação da aprendizagem significativa” leiam esse texto com o sorriso assimétrico e unilateral; teu “potencial de ação é ‘retardado’ “. Parece-me que o meu destino foi tirado de mim desde a nascença e o que restou foi uma linha que nunca foi traçada por mim; sou o que me disseram, ou melhor, não me disseram, descreram ou negaram. O que me restou foi a tragédia que me entregam, e que de alguma forma não consigo fugir.

~ Quod mihi superest est tragoedia quam mihi imposuerunt.

Darach
Enviado por Darach em 09/11/2023
Código do texto: T7928510
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