Doctrina est appropriatio, intellectus

Quase nada se apresenta tal como é concebido ou o que é concebido é de fato o que é. A coisa sempre é uma representação em continuum, uma aproximação sucessiva do que se desejaria obter, isto é, uma congruência entre nosso aparato formal/teórico e o objeto de investigação. Tal como os signos, os significados estão em sobredeterminação em relação ao referente, mas o referente é impossível. Assim, o real é aquilo que é inapreensível e onde as "coisas" acontecem, sem isolar as partes (cada indivíduo de uma classe) do todo, pois a "coisa" tal como é concebida nunca é sozinha. Dado que o processo de assimilação se dá pela apreensão da coisa como um pressuposto do realismo moderado. E o processo de acomodação (a ressignificação da assimilação ou dos esquemas de assimilação) é o que de fato constitui a aprendizagem. Assim, a equilibração, dado o contexto (acontecimento) é no mínimo irrelevante, pois esquematicamente a conceituação se dar única e exclusivamente por meio do esquema conceitual "representação" pela cognição ou como ato cognitivo imediato das percepções entregue ao encéfalo pelos órgãos sensoriais e "ressignificação", que é onde acontece de fato a aprendizagem pelo revestimento da bainha de mielina por meio das novas conexões neurais que são feitas "em cima" da mesma informação com outras informações, isto é, é a relação sintópica entre informações que constitui a verdadeira aprendizagem, no que consiste neurocientificamente na criação de novas vias neurais e, por conseguinte, num reforçamento físico entre os neurônios naquela área específica (aqui reside o aspecto neuroanatômico). O condicionamento operante nada mais é que a criação de um hábito, que se dar como a supracitada descrição e também pela alteração do ciclo dopaminérgico, isto é, há por estímulo e reforçamento diferencial uma "alteração" do que normalmente seria "ansiado" grande parte pela liberação do neurotransmissor dopamina frente a um obstáculo que deve ser cada vez mais superado, pois (em média) a minha "resposta" cada vez mais é validada, dado que ela se aproxima cada vez mais por aproximações sucessivas do comportamento terminal. Portanto, quando aprendemos algo estamos de fato criando meios operacionais para que aquela informação seja acessada e isto se dá pela memória de longo prazo, localizada no hipocampo. Ao contrário da memória de trabalho, que faz parte das funções executivas, a de longo prazo estaria mais próxima do processo operacional formal do que o concreto, pois há "construção" em cima do que já é sabido, que é onde juntamente reside a máxima da neurociência, lembrar é na verdade reelaborar, ou por outra, toda vez que uma memória é revisitada, é elaborada novamente. Dito isso, nunca a representação de algo é tal como ele é, pois a assunção de uma concepção da coisa mesma é em si ideal, pois o instante em que isto acontece já não é mais. Outrossim, a cognição é tão volitiva como o correr das águas do rio, assim dizendo, são indissociáveis. De forma análoga, o "esquecimento" e a "extinção" são nada mais do que a dessensibilização das vias neurais.

Darach
Enviado por Darach em 27/09/2023
Código do texto: T7895779
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