Uma bela história

É difícil para nós nos convencermos do fato de que das infinitas coisas que habitam o Universo, uma ínfima parcela delas está sob o nosso controle e domínio. Mas precisamos aceitar esse fato. Precisamos aceitar que há coisas no mundo que não podemos mudar, há muitas e incontáveis coisas na vida que não dependem da nossa vontade. Resta-nos, como já instruía os estoicos, concentrarmo-nos naquilo que podemos alcançar, “apalpar”, naquilo que realmente podemos interferir. A principal das coisas que podemos controlar, nesse sentido, se trata da nossa mente, da forma como pensamos sobre o mundo e interpretamos suas experiências. Porque é a partir da forma como pensamos sobre a realidade que agiremos nela. Convido a você, então, a pensar em construir uma bonita história que seja inspiradora, sobretudo, a você mesmo!

“A vida é como uma história: o que importa não é o tempo que dura, mas quão boa ela é” (Sêneca)

Embora seja de nosso desejo, embora tantos de nós cobice essa possibilidade, não podemos definir por quanto tempo viveremos nesse mundo. E é aí que reside o nosso erro. Fazemos diversas coisas, podemos nos submeter aos mais variados tratamentos e sucumbir às mais mirabolantes das promessas, o tempo que teremos a viver já foi dado pela natureza. E não sabemos quanto será. Talvez vivamos até os cem anos e morramos no sossego de nosso sono. Talvez vivamos até os vinte por termos sido vítimas de um inesperado e fatal acidente. Não está no nosso controle decidir como nem quando partiremos desse mundo. Está no nosso controle, entretanto, definir como será que faremos nossa passagem por esse mundo. Pergunto, então, a você: ao invés de se preocupar em obter anos e mais anos, resumindo sua existência à quantidade, tem se preocupado com a qualidade desses anos?

Há histórias que são longas, repletas de milhares de páginas, mas que se tornam cansativas e enfadonhas. Enquanto que há contos, ligeiros, até mesmo de uma só página, capazes de tirar o fôlego de quem os lê. Não é a regra. Já que o oposto também é verdadeiro. Mas isso serve para que consigamos compreender que o número de páginas de um livro não garante que ele será bom ou ruim, mas a maneira como o autor narrou a história ali contida. Quando se trata das nossas vidas, não importa o tanto de anos que viveremos, se muitos ou poucos, importa a forma como viveremos esses anos. Iremos aproveitá-los com a intenção de amadurecermos e crescermos? Investiremos nossos esforços e energia em coisas que realmente dependem da nossa vontade e da nossa ação? Ou desperdiçaremos a existência preocupando-nos com coisas que talvez aconteçam, talvez não aconteçam, e que exatamente por essa incerteza estão distantes demais da nossa capacidade de influência e interferência? Uma vida boa se dá a partir de escolhas igualmente boas. Mas só faremos boas escolhas se estivermos conscientes do fato de que, na vida, poucas coisas importam tanto quanto a maneira como escolhemos passar por ela!

“Não podemos acrescentar dias às nossas vidas, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias” (Cora Coralina)

(Texto de @Amilton.Jnior)