Caos absoluto

Sempre fui uma pessoa extremamente organizada, tenho TOC. Amo ter tudo no lugar, ver a casa limpa, tudo guardado e alinhado para conseguir pensar e apaziguar o caos que é a minha cabeça. Nas últimas semanas, porém, tudo está de pernas para o ar, a única coisa organizada é o meu guarda-roupa, mas todo o restante está um caos absoluto. Móveis cheios de itens empilhados, cesto de roupas transbordando, roupas no varal para serem recolhidas há dias, coisas espalhadas pelo chão, a cozinha parecendo que foi revirada, enfim, parece que um furacão passou pela minha casa. O mesmo sinto em relação a mim.

 

É como se do dia para a noite um furacão tivesse invadido o meu interior e me devastado, bagunçando tudo o que estava organizado e deixando apenas caos e destruição. Se vocês passarem pelos meus últimos textos, verão que esse caos não aconteceu do dia para a noite e, conscientemente, eu sei disso, mas quando estamos no nosso limite, tudo parece que foi de repente, mesmo tendo dado evidências a muito tempo. Para quem é louca por organização e controle, estou no pior dos cenários. Sem controle da minha casa, da minha vida, do meu futuro. Pela primeira vez na vida me encontro no mais absoluto caos em todas as áreas da minha vida e não tenho nem noção de como colocar tudo no lugar novamente.

 

Quem está de fora pode sugerir que eu faça terapia, procure um psiquiatra ou tente começar dando um passo de cada vez. Acredite, faço tudo isso. Sou uma grande defensora de procurar ajuda profissional quando não estamos dando conta sozinhas e sigo isso à risca. Também sou bem consciente de que é impossível estar no controle de tudo o tempo todo e que a vida é uma caixinha de surpresas. Talvez seja justamente essa racionalidade e entendimento que tornam as coisas ainda mais difíceis para eu lidar.

 

Apesar de toda a minha impulsividade e intensidade sou uma pessoa bem racional, por mais contraditório que isso seja. Mesmo deixando a impulsividade e intensidade prevalecer, sempre analiso racionalmente as situações em que me coloco e cobro mais prudência e bom senso da minha parte. Acredite, dou ótimos conselhos para os outros e para mim mesma, mas sou péssima em segui-los. No final das contas acredito que eu esteja mergulhada num mar de autossabotagem e autodestruição.

 

Ainda não desisti de tentar reverter essa situação e de me tornar uma pessoa melhor e mais sensata. Tento aprender a não guardar mais o que me machuca para mim mesma, aprender a me posicionar e não deixar nada acumular (como acontece nesse momento). Um tema recorrente na minha terapia é aprender a me colocar em primeiro lugar e não guardar as coisas até chegar um momento em que elas transbordarão, essa é a parte mais difícil para mim, mas sigo tentando melhorar isso.

 

Apesar de toda essa situação caótica, continuo acreditando que a vida é linda e que há muito a ser apreciado ainda. Por vezes deixo o desespero tomar conta de mim e tenho vontade de desistir de tudo, mas nos meus momentos de lucidez consigo ver a beleza do viver. A vida poderia ser mais fácil sim, mas somos nós quem a dificultamos e definimos as prioridades que nos levam ao mais absoluto caos ou a mais tranquila paz. Precisamos aprender a nos expressar e não aceitar coisas que nos machuquem, somente assim não nos perderemos dentro de nós mesmas.

 

Como eu disse para a minha psicóloga essa semana, nada é para sempre, nem sentimentos bons e muito menos os ruins. Sentimento é um estado, não algo intrínseco a nós. No momento eu estou triste e deprimida por diversos motivos, mas veja bem, eu ESTOU triste e deprimida, eu não SOU assim. Assim como também não SOU feliz, eu FICO feliz. Devemos nos apegar a essa diferença quando estivermos em momentos sombrios e aprender a definir as nossas prioridades e objetivos de vida e aceitar pagar o preço pelas nossas escolhas, pois todas elas terão um ônus e um bônus. É isso.

Karoliny Mesquita
Enviado por Karoliny Mesquita em 25/02/2023
Reeditado em 27/02/2023
Código do texto: T7727592
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