HUMANOS...

Humanos, somos todos ou não somos...

A sociedade humana em toda sua história conhecida teve problemas, entre outros, em dois principais aspectos:

1) Problemas de relação – relacionar-se com o outro nunca foi pacífico entre humanos. Veja-se, por exemplo, a expulsão dos próprios membros, em algumas tribos, quando a população crescia demais em relação à disponibilidade de alimentos. Atualmente, as expulsões ocorrem de diferentes modos, mas continuam;

2) Problemas de pensar/pensamento. Já escrevi que concebo o ato de pensar distinto de um pensamento. Mas, sempre, o que vale é a compreensão, sem distorcer os possíveis fatos. Este problema refere-se, estreitamente, à ‘liberdade de expressão’.

NÃO, eu e ninguém pode dizer o que quiser. Melhor: poder, pode, mas não DEVE. Não existe liberdade absoluta ou fora de uma relação. O absoluto ou o limite é o outro, direta ou indiretamente.

Nossas relações e atos de pensar sempre ocorrem dentro de um contexto, que é a realidade humana. Não há possibilidade, nestas duas dimensões, fora da realidade humana. Ainda que se fuja para o meio do mato, inicialmente os atos serão em relação à humanidade da qual me apropriei dos elementos que me fazem (fizeram) humano. Com o tempo, isolado, minha maneira de me relacionar e pensar em relação ao novo espaço, no mato, deixarão de ser humanos. E... deixarei de ser humano, porque minha relação, com humanos, inexistirá.

A questão que pensei é sobre o que é a Humanidade?, nas duas dimensões:

Relacionalmente, a partir dos critérios criados e (ainda) válidos pelos próprios humanos, pertencem à Humanidade todos os humanos. De perto e de longe. Esta é a essência e fundamento das nossas relações: somos uma grande família. Somos?

Em relação aos atos de pensar, também: nada escapa ao pensamento que não esteja relacionado com o outro, com uma relação. Por mais ‘isolado’ que eu me situo no meu canto, tudo que eu posso pensar e imaginar está em relação, de algum modo, com a realidade.

Será necessário me desligar da sociedade para deixar de me relacionar com os humanos. Aos poucos, então, deixarei de ser humano, pois sem convivência não há relação.

Por isso, por ora, a minha questão: se somos TODOS humanos, por que temos tantas dificuldades com o pensar e com o relacionar entre os que nos são familiares? Será essa dificuldade compartilhada? Homens são mais culpados que as mulheres? Somos MESMO, TODOS, humanos? Ou só alguns?