A não brevidade da vida

A gente costuma dizer que a vida é ligeira, que a vida passa rápido, que o tempo do qual dispomos é efêmero demais. Muitos até confessam que adorariam se o relógio tivesse mais do que vinte e quatro horas. Mas essas suposições são subjetivas. O que é curto para mim talvez não seja para você. Fato é que todos dispomos das mesmas vinte e quatro horas diárias, dispomos dos mesmos doze meses do ano, dispomos do mesmo tempo na vida. Então porque alguns conseguem fazer tanto com esse tempo enquanto outros conseguem tão pouco? A culpa não é do relógio. Nem a Terra que está girando mais rápido. A culpa é do mau uso que fazemos do presente que nos é dado.

“A vida não é breve. Ela é suficiente. Nós é que perdemos tempo com coisas inúteis”.

Não quero nesse momento entrar na questão capitalista, assunto sério e que precisa ser debatido com a profundidade que merece. Aquela questão que nos mostra os abismos que há entre nós socialmente falando – enquanto alguns perdem apenas trinta minutos de casa ao trabalho, por exemplo, outros precisam de horas de viagem todos os dias para irem e voltarem. Nesse momento esse não será o nosso foco. O foco aqui é que tirando esse lado da moeda e prestando atenção ao que fazemos das nossas vidas quando não estamos ocupados com a sobrevivência, a gente perde muito tempo com bobagens e, como disse Sêneca, com “coisas inúteis”. Acabamos ocupados com discussões bobas enquanto poderíamos estar ganhando tempo amando aqueles que estão ao nosso redor. Acabamos ocupados com coisas supérfluas, com coisas sem sentido, como, por exemplo, brigas na internet porque a outra pessoa não tem a mesma opinião que a nossa, enquanto que poderíamos estar lendo um livro que aumentasse o nosso conhecimento, assistindo a uma aula que nos tornasse mais sábios, conversando com alguém que somasse em nosso dia. Quando temos um tempo livre para crescermos pessoalmente, a gente o desperdiça ignorando a vida que há para ser vivida.

A diferença entre aqueles que conseguem fazer tanto e aqueles que nada conseguem fazer, é que os primeiros investem seu tempo amando, aprendendo, descobrindo enquanto que os segundos desperdiçam sua vida odiando, ignorando as oportunidades de amadurecimento e reclamando da existência. A vida pode parecer breve. Isso porque ela é maravilhosa demais, e detestamos que coisas maravilhosas tenham um fim por mais longevas que elas tenham sido. Mas a vida é suficiente. E cada um terá o seu próprio tempo por aqui. Alguns viverão por cem anos, outros chegarão aos cinquentas e ainda outros terão uma existência de vinte. Mas nada disso importa. Tempo grande não quer dizer que a vida foi vivida com qualidade. Todos temos um tempo. O tempo. E o que fazemos dele é de nossa responsabilidade. Iremos usá-lo com sabedoria? Ou o desperdiçaremos enquanto ele for abundante? A vida é suficiente. Suficiente para que você erre e aprenda ou erre e insista no erro. Essa é uma decisão individual.

(Texto de @Amilton.Jnior)