Eu sou negra

Em minha cor

Mais que cor

Uma promessa ancestral

Uma dor que dói

Um prazer que constrói

A alma que dança

Os peitos leitosos

O longa metragem dos prazeres

A amargura doce de ser negra

Na esquina a morte

A ideia era escapar do navio negreiro

Escrevendo bilhete em nossas tranças

Cuidar um dos outros

Amar apenas os nossos homens

Tratar de suas feridas

Com um torço na cabeça

E uma chita amarrada no quadril

Na mão um pote dágua

Um cotidiano escravo

Ocupavamos as senzalas

Estrupraram nossas mulheres

Mataram nossos filhos

Espancaram nossos homens no chicote

Desmamaram nossas crianças de colo

Massacraram nossos velhos

Após a nossa carta de alforria

Cantinuamos escravizados

Continuam nos matando

Os tempos são outros

Mas a história

Ah a história só se repete !

Esmeralda

Esmeralda V
Enviado por Esmeralda V em 08/02/2022
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