Penúltimo dia do ano

– E diga-se de passagem, que ano, não?

Eu duvidei muitas vezes se ia chegar até aqui, porque fui do céu ao inferno e passei boa parte dos meus dias no fundo do poço – e olha só, ele não me assusta mais, eu diria até que é bem confortável.

Esse ano me f*deu completamente. Foi um ano difícil em todos os aspectos. Foi o ano em que eu enfrentei as minhas piores crises de ansiedade. Foi o ano em que eu mais me vi sozinha. Mas ao mesmo tempo foi o ano em que eu descobri uma força que eu não julgava ter, abracei a minha solitude como parte essencial de mim.

Eu sou importante para caramba! E isso sim merece ser celebrado nesse penúltimo dia do ano.

Eu não tive só dores, mas elas pareceram tão maiores a ponto de me engolir.

Eu tive pequenas alegrias também e descobertas fascinantes. Eu acredito que me tornei uma pessoa melhor, que se importa, que se entrega, que luta mesmo quando tudo parece perdido.

Sinceramente, eu percebi nesse ano que só posso contar comigo mesma. Eu fui deixada para trás por pessoas que eu pensei que jamais me abandonariam. A verdade é que nascemos sozinhos e vai ser assim em muitos momentos da vida. É assim que é. No final das contas, eu só posso contar comigo mesma, para me reerguer, me consolar, me alegrar. Eu sou a pessoa que mais preciso do mundo. Eu moro em mim e que inquilina exigente sou.

Acho que o intuito desse texto, após tanto tempo sem escrever, pois tenho enfrentado dias desafiadores, é pedir desculpas para mim mesma. Quero me pedir desculpa por todas as vezes em que me culpei quando não era culpa minha.

E por todas as vezes em que me sabotei por coisas que não estava ao meu alcance – e foram tantas vezes nesse ano.

E por ter duvidado da minha intuição, quando na verdade, eu sabia o que sentia e que estava certa – eu poderia ter evitado me colocar em tantas situações.

E por ter me acovardado quando deveria ter lutado pelo que acredito.

E por todas as vezes em que me submeti (e sofri muito) em aceitar situações e relações que já não estavam me fazendo bem, com sentimentos pela metade, só porque eu me prendi ao passado e ao fato de que um dia tinha me feito bem (perdão por não ter encerrado ciclos quando não existia mais recomeço).

E por todas as vezes em que permiti que as opiniões alheias roubassem o meu brilho, por acreditar que eu era insuficiente.

E por todas as vezes em que eu doei meu tempo quando deveria ter dito um sonoro NÃO.

E por ter me culpado por coisas que fizeram comigo, como se eu merecesse. E por ter ficado mal por me sentir culpado por isso. E por insistir em me culpar por não conseguir superar as situações no tempo que eu queria. Por toda essa cobrança em ficar bem, em minimizar o que eu sentia.

E quero pedir desculpa por todas as vezes em que não me desculpei com o outro por algo que fiz e magoei. E por não ter aceitado a minha culpa e ter perdido pessoas, principalmente eu mesma.

Me desculpa, tá?

Eu realmente sinto muito por ter feito você passar por tudo isso esse ano.

Espero que nesse novo ano tudo seja melhor.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 30/12/2021
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