respirar

respirar.

nunca parei para pensar em algo tão trivial e banal quanto o ato de respirar. temos a tendência a não darmos valor as coisas simples da vida, porque estamos focados nas coisas que queremos alcançar, que costumam ser difíceis. todavia, é o simples que dá sentido a vida.

voltando ao assunto, eu não costumo pensar no ato de respirar, por ser natural, imperceptível. mas, nos últimos dias, nunca valorizei tanto a respiração – não só fisicamente, mas emocionalmente também. a minha incapacidade de respirar fisicamente tem me deixado exaurida. porém, tem atingido as minhas emoções e sentimentos, o que é compreensível, pois eu tive que me isolar de tudo e de todos. a doença tem o poder de esmagar nossa frágil esperança. eu me sinto cansada, injustiçada, preterida o dia inteiro – eu fico assim porque me sinto uma vítima, que se cuidou tanto e no fim não adiantou nada... affs . estou tentando não sucumbir, lembrar a mim mesma que é apenas um capítulo da minha história e eu ficarei bem. mas é difícil. eu sinto como se estivesse sendo puxada para o fundo do oceano e não conseguisse subir a superfície para respirar. quanto mais eu tento nadar, mas eu afundo e só vejo escuridão. as ondas me submergem com sua força.

eu já tive dias difíceis esse ano. o meu eu de janeiro não reconheceria o meu de novembro porque eu passei por muitas coisas, superei muitas situações e pessoas. não é a primeira vez que me sinto assim, à deriva. e eu já venci dias ruins. tenho dito a mim mesma diante de todas as situações ruins que enfrentei a seguinte frase: “respira e não se deixe ser esmagada pela ansiedade; tudo isso logo logo vai passar.”

só que aí que está: eu estou vivendo os piores dias de minha vida. nunca pensei que enfrentaria algo assim, que me exigiria tanta fé e resiliência. logo eu, que estou em um momento da minha vida que estava tão pessimista com relação a tudo. mas mesmo sendo tão realista, eu sempre procuro achar o que pode ser bom nas diversas situações. vontade de desistir, o tempo todo, uma vontade que me consome, mas ao mesmo tempo, de um jeito que não sei explicar, o Eterno me diz quem sou, eu, mesmo perdida, confusa, e em meio a tanta dor... só a fé me faz prosseguir em meio a adversidade. Os dias piores passarão, eu sei que sim.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 03/11/2021
Reeditado em 03/11/2021
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