O significado que damos às coisas

Dias desses eu estava navegando pelas redes quando me deparei com a seguinte frase, de Capinejar: “A pedra não tem culpa de ser pedra. Pode machucar ou edificar; servir ao ódio sendo muro, ou servir ao amor sendo ponte”. E eu acho que a vida é exatamente isso. É sobre o significado que damos às experiências que vivenciamos todos os dias. Às vezes, por exemplo, sofremos alguma decepção. E essa decepção poderá servir de muro entre nós o restante do mundo, porque não queremos mais sofrer, não queremos mais confiar em ninguém, não pensamos que algumas pessoas nos decepcionam, mas outras tantas podem nos surpreender de formas inimagináveis. Mas essa mesma decepção pode servir de aprendizado, para que saibamos reconhecer até onde podemos ir em nossas relações, para que tenhamos a noção de que criar muitas e irrealistas expectativas não é o melhor caminho.

Ao longo da caminhada muitas e diferentes pedras serão dirigidas a nós. O que faremos sobre isso é de nossa inteira e fundamental responsabilidade: construiremos fortalezas para nos protegermos dos outros? Ao fazermos isso poderemos nos sentir seguros. Talvez, realmente, não estaremos mais vulneráveis aos infortúnios desagradáveis. Mas a qual preço? Ao preço de rejeitarmos e jogarmos fora todos os nossos sonhos? Ao preço de deixarmos passar oportunidades de sermos felizes? Estaremos fadados apenas ao nosso próprio mundo, sem a possibilidade de descobertas e reencontros.

Ou será que, a partir dessas pedras, a partir desses aprendizados, seremos capazes de construir pontes entre nós e o restante do mundo? A partir dessas vivências aprendemos sobre quais pessoas merecem a nossa confiança e quais pessoas merecem o nosso distanciamento. Aprendemos que as pessoas não são iguais: enquanto umas se envolvem em ligações superficiais, sensíveis, frágeis, outras se aprofundam em seus relacionamentos à procura de sentimentos que exigem um pouco de esforço para serem descobertos e desfrutados. Construir pontes, ao invés de muros, nos permite compreender que tudo nessa vida é necessário e acontece por uma razão: sofremos pelo que não temos para que mais tarde, quando o tivermos em nossas mãos, possamos valorizá-lo como único e especial!

(Texto de @Amilton.Jnior)