Que venha o inferno astral

Li uma frase hoje que me fez rir da minha desgraça cotidiana: “não sei o que é pior: período menstrual, inferno astral ou segunda-feira.” Eu sou mulher, logo eu sou pós graduada em domar a temível TPM mês após mês. Segunda-feiras sempre vão me incomodar. Um colega de trabalho sempre achou graça que a cada segunda-feira eu chegava no trabalho exausta, como se houvesse fim de semana – a questão é que eu realmente sempre fico mais cansada no início da semana. Fatos!

Agora inferno astral é uma merda. Eu não ligo para signos, apesar de saber qual é o meu (o terrível Escorpião – que eu admito combinar perfeitamente com a minha personalidade forte) e uma grande amiga ter feito meu mapa astral – apesar de eu não ter entendido nada. Mas, eu confesso que tenho sentido os efeitos do inferno astral em meus dias, sobretudo nos 30 dias que antecedem o meu apagar de velinhas anual. Eu amo aniversários, mas detesto esse período que antecede o melhor dia do ano.

Eu sempre me preparo psicologicamente para lidar com o meu inferno astral, mas nunca estou pronta. Tudo dá errado e eu só consigo sentar, pensar, vivenciar o drama e me preparar para os ciclos que eu não quero, mas preciso encerrar para ficar bem.

Eu sou uma pessoa forte, porque preciso ser forte o tempo todo. Não posso me permitir fraquejar. Todavia, não suporto tudo nessa vida, ainda mais fases transitórias, aquelas em que estamos no meio do caminho, onde já abandonamos o lugar em que estávamos, mas ainda não chegamos aonde queremos. Encerrar ciclos é cansativo e dolorido. Sei que preciso, porém, tento fugir até onde dar.

A verdade é que às vezes me sinto cansada de mim mesma, ainda mais nesses dias que seguirão até o dia que vim ao mundo. O que não é exatamente a melhor opção – ou opção alguma, já que se há alguém que conviveremos por um bom tempo, nos bons e maus momentos, somos nós mesmos.

Não há nada que eu possa fazer a não ser atravessar o meu inferno astral com a cabeça erguida e o peito aberto para todas as mudanças que virão. O turbilhão de emoções, os piores dias da minha vida, a chegada ao meu melhor e a certeza que sou a mulher que sempre sonhei em ser.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 13/10/2021
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