A esperança é um parasita.

Esperança, um nome muito lindo e confortável de se ouvir e de muitas vezes usado até para deixar situações difíceis ou dolorosas, menos amargas e sofridas. Dizem que ela é a última que morre, e de fato pode ser, mas pensando numa frase que tenho como verdade, que afirma que tudo na vida tem no mínimo dois lados, me fez refletir e perceber que a esperança nem sempre é só flores.

A esperança é percebida e compartilhada de forma bem romântica, como aquela que salva as pessoas, que toram elas mais resistentes ou coisa do tipo. De fato pode até ser tudo isso em algumas situações, porém será que é sempre assim?

Sou psicólogo e lido com muitos relatos de sofrimentos reais, e hoje após presenciar um relato de uma jovem garota, assim como também eu mesmo estando vivendo uma fase da vida um certo tanto conturbada, percebi esse outro lado que a Esperança tem, e ela tem um certo tanto de perigo.

Todo mundo conhece aquela pessoa abusiva, que gosta de se aproveitar de outras pessoas, que tem o costume de consumir a energia delas, deixando elas fragilizadas e até fazendo delas uma vítima, porém por mais que ela faça isso, essas pessoas que sofrem não são capazes de largar essa pessoa abusiva, de alguma maneira elas têm “esperança” que elas mudem e se transformem numa pessoa melhor.

Fazendo uma analogia, a esperança pode ser comparada a essa pessoa abusiva e aproveitadora, pois igual como a pessoa abusiva, a esperança irá sugar todas as suas energias, pelo simples fato de você ter que desprender um esforço tremendo e contínuo para poder “sustenta-la”. O que sustenta essa relação é a crença distorcida que a vítima tem de que essa pessoa toma jeito um dia, e de fato, pode até ser que tome, mas nem sempre, e isso faz com que as pessoas aceitem viver o sofrimento, sem perceber o perigo que isso tem, o quanto que isso consome sua energia vital, tornando-se assim miserável e vulnerável ou até mesmo acabando com ela.

Tem pessoas que literalmente passam a vida sugando outra, e quando uma já está vazia e não sobra mais nada, nem mesmo suas forças, a pessoa é abandonada e entregue a morte, afinal de contas já não sobra mais nem a crença nela mesma e é aí onde a morte aparece.

Vale lembrar que um parasita precisa do seu hospedeiro para sobreviver, e dessa forma faz sentido e é fácil de entender o motivo de que a esperança é a última que morre, afinal de contas, você possivelmente já terá morrido antes dela.

Tudo depende da situação e nada é fixo, sei que não tem como e nem quero tornar a esperança um monstro, pois isso irá depender de como cada sujeito está em determinada situação de sua vida e no mundo, porém, hoje sei que se torna muito mais perigoso romantizar essa tal de esperança, e de fato esse lado parasita da mesma pode consumir uma pessoa até a última gota, fazendo com pessoas se mantenham acreditando em coisas, pessoas, empregos, situações que não valem a pena, mas são mantidas pelo simples fato de “ter esperança”.

O antidoto para esse parasita é a decisão, e toda decisão demanda muita energia pessoal para ser tomada, dessa maneira, para se ter esperança, antes de tudo é preciso ter muita cautela e discernimento, pois ela pode ser muito confortante, enquanto você estiver vivo ou se achando como tal, mas é um perigo enorme deixar com que esse parasita sugue você por muito tempo e quando você menos perceber já não lhe restou mais nada, nem mesmo você, então finalizo dizendo: Cuidado o que você alimenta e com o que você alimenta ele, pois o parasita é o último que morre!

Gleydson Henrique Pontes de Oliveira.