Como se não bastasse

Posso ainda considerar aquele olhar de longe e inquieto algo que eu não consegui decifrar até o momento.

Talvez quiséssemos vivenciar as mesmas coisas, no mesmo tempo e a mente tivesse confusa, tão confusa que qualquer olhar pudesse fazer efeito. Ou não, como disse tantas e tantas vezes. E se fosse mesmo pra ser? Demorou pra que conseguíssemos nos olhar de perto, mas de verdade não foi meu corpo. Foi minha alma que te enxergou primeiro. E ali tive a sensação de que eu tinha que vivenciar aquilo. Eu tinha que ficar. Se bom ou mal eu ainda não sei. Talvez eu até tenha que ficar mais uns dias reparando o quanto fui tola e incapaz de contrariar um sentimento. Mas muito satisfeita de não ter errado, não ter arriscado em algo que ia ser descartado no outro dia.

De tanto te ver e de tanto desejar sempre o mesmo momento. O momento que não fosse só olhar, mas que também pudesse haver de ser riso e brincadeira e palavras bobas. Eu tive uma sensação única de que alguma coisa pudesse mudar naquela noite. Era o último cigarro e eu continuava a olhar para trás e para os lados a espera que algo acontecesse. Você estava mais perto do que eu podia imaginar, mas não da mesma forma que eu sempre imaginei se é que me entende. Faltou pouco pra eu fumar o filtro. Eu andava distraída a espera de algo. Tarde demais, cheguei no ponto de ônibus. Ali eu não te vi. E como veria se naquele lugar nunca havíamos cruzado? Então era só coisa boba da minha cabeça mais uma vez mesmo. Eu ia pra casa. Nada mudaria. Era só mais uma sensação como as outras. E eu lá olhando pro espaço. Pro escuro, para os carros e as pessoas te reconheci de longe, mas bem de longe com a menina do cabelo curto .

Byanca Gon
Enviado por Byanca Gon em 03/08/2021
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