A abundância

Já disse Augusto Cury:

"- O maior favor que se pode prestar a uma semente é enterrá-la."

O direito da colheita só nos é dado, se para ela antes despendermos de tempo para semear, visto que plantar é um dever irrevogável quando pretendemos colher. Mas plantar o quê? Se muitas vezes somos a própria sequidão... Quando o quesito é plantar (doar, fazer nascer, estimular crescer), a dureza do nosso chão sequer é mencionada quando observamos um densa plantação, mas ela existe e coexiste nos solos mais ricos e férteis. Essa percepção nos foge da mente porque é mais fácil falar sobre plantar e lembrarmos do agricultor espalhando a semente, irrigando sua plantação, se preparando para o tempo de colheita, quando o solo já está cortado, desagregado, úmido e pronto para receber o grão.

O observador a depender de sua percepção olha uma vasta plantação e entende que ela foi feita para ser abundante. Quando ocorre queda da colheita, julga que talvez não seja um solo adequado para uma determinada semente que em outras regiões tem uma lavoura farta. Colhendo ou não, o agricultor sabe que todo tempo plantou, porque plantar também requer cortar o chão, esperar passar o tempo de sequidão, lançar a semente, irrigar, adubar, esperar a colheita e desfrutar de seus frutos (sem contar o fato de combater as pragas).

Na vida é assim, Deus nos fez para abundância de espírito, mas até que venha o período de sequidão nós sempre nos colocamos disponíveis para semear. Para irradiar luz, para ser alimento, sermos abundantes de otimismo, ter os ouvidos atentos, doar boas palavras de motivação, encher-se de vida e transpirar sonhos. Até que venha a sequidão...

Quando desabrigamos nossas próprias carapaças, o som silencia-se por entre a casa, na eminência de acomodar nossas mais recentes dores desabrigamos as mais antigas, nos tornamos escassos na presença, mais objetivos nas primordiais relações, quando não é possível doar e semear, já que é tempo de cortar o chão, coração.

Na sequidão aprendemos que mais difícil de ser abundante de espírito, é ser abundante de espírito quando não temos nada para doar, só o ser. Na fragilidade da minha existência, posso compreender que Deus nos alcança de tantas formas para dizer que Ele é o Pai que nos sustenta, e nós somos os filhos ao qual somos nutridos. De tantas variáveis maneiras Ele nos preenche com a sua visão do todo, enquanto vazios estamos pelas nossas percepções limitadas. Entra em tantos lugares da nossa personalidade, que faz surgir novos caminhos. Não olha a escassez, a falta de jeito de lhe dar com ela, somente acolhe a nossa inaptidão de semear e corta como convém o chão duro que irá gerar.

Que bom é jogar uma semente, ter água para regar, vê-la crescer e gerar frutos, mas de forma igual e primordial é o tempo arando, recolhendo as ervas daninhas, doendo sim, mas compreendendo que é notoriamente necessário para que o tempo da colheita venha, inunde-nos de novos caminhos, novos sorrisos, novos sonhos e frutos, para que possamos também espalhar as sementes em cada canto que passarmos.

Que bom é plantar e desfrutar do "agora", em cada fase dessa nossa vida que é chama, inflama, dos segundos às horas.

Mas compreendendo que somos escassos, vulneráveis,

Deus é abundante

e é só isso que importa.

22/07/2021

Keith Danila
Enviado por Keith Danila em 22/07/2021
Reeditado em 22/07/2021
Código do texto: T7305043
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