Natureza Viva

Quando meu pensamento vaga imagino uma farta e caudalosa cachoeira a derramar sua energia fria por toda a floresta, sadia, feliz e intrépida com toda sua fauna e flora pulsantes. Já não sinto minha mente atordoada como antes, e sim apaziguada, calma como o leito que essas águas formam e em seu regaço deito-me aproveitando seu som harmônico e suave para com ele flanar tal como ave que lá habita enquanto meu peito palpita em júbilo total esgueirando-se imaginariamente por entre pedras e córregos. É vital para o ser humano unir-se a sua terra, suas águas, suas raízes, e assim prossigo de olhos fechados, integrada ao ambiente verdejante, escutando o silvo de um inseto, o coaxar de um sapo e sentindo o aroma rústico da madeira e da grama crescida em meio às flores tão variadas, tão sortidas. Meu mantra é esse som, essa imagem, esse vento suave a que recorro nos momentos de pouco alento, que me agasalha, me socorre e que ao mesmo tempo invade meus cinco sentidos como fosse um alimento do qual me farto ávida até o instante em que retorno a mim mesma tão refeita, satisfeita e apta a enfrentar tudo que se apresentar. Já não há barreiras, obstáculos, pois minha bela cachoeira e seu cenário de oráculo encheram-me de amor, coragem e destemor.