Eu queria saber se era você

Eu daria tudo para saber se era você.

Nossa, eu queria muito saber se eu estava certa sobre você.

É frustrante perceber que eu não tive a menor chance de saber a verdade: descobrir se você era o amor da minha vida.

Eu confesso que cheguei a imaginar que era.

Em todo o meu ser eu sentia que aquilo que você me provocava, apenas com o olhar, só podia significar amor. Mas percebo agora que não tive tempo de amadurecer a ideia, o sentimento, a vida para aquilo que já tive de mais real: você. É frustrante imaginar que eu posso ter perdido a minha única chance de felicidade. O destino não espera por ninguém. A vida se encarregou de colocar uma ampulheta que escoou a areia do tempo contra nós sem dó nem piedade e encerrou nossa história. É em vão não me indagar o que poderia ter sido se tivéssemos tido mais tempo.

A gente deixou de viver tanta coisa. Nossa história se cruzou tão de repente, como um cometa que passa no céu e de forma instantânea ilumina tudo, mas que após a passagem deixa a escuridão tomar conta de tudo.

A gente não conseguiu aproveitar um fim de tarde, tomando chá na cozinha da sua casa, trocando olhares. Não conseguiu observar as estrelas, deitados na grama do jardim da minha casa, numa noite quente de verão. Não aproveitou um sábado à noite tomando um bom vinho, assistindo um filme qualquer, abraçados no sofá da sua sala de estar. Também não assistiu os shows que adoraríamos curtir, das nossas bandas favoritas. Nem pegamos as promoções de cinema em horários aleatórios no meio da semana.

Deixamos de aproveitar tantas coisas.

Deixamos de construir memórias que me salvariam – ou me afundariam ainda mais em minhas vãs divagações.

Quando eu dei o primeiro passo em direção a você, eu percebi que você congelou. Não veio em minha direção. Seu receio te travou e minhas inseguranças me cercaram. Eu fui e você ficou – mas, até aí, tudo bem. Eu entendi seus motivos. Só que, quando eu menos esperava, você voltou atrás e eu não sabia mais como reagi a você.

Percebi que não seria certo que só eu fosse em sua direção. Não me faria bem estar ao seu alcance sem sentir que você seguraria a minha mão. Assim, eu também recuei. Aceitei que a gente não era para ser. Deixei de lado a ideia de ter você ao meu lado algum dia. Fingi para mim mesma que não doía deixar você ir e eu ficar aqui. Acreditei que seria feliz sem você.

Levei muito tempo para me dar conta de que nada disso era verdade.

Só agora, depois de um certo tempo, consigo admitir que que a gente poderia ter dado certo, sim.

Mas não adianta nada agora.

De um jeito ou de outro, a gente não deu certo, né?

Somos a possibilidade do que teria acontecido e não aconteceu.

Eu sei lá. Talvez eu só esteja fantasiado que o nosso amor foi tudo isso. Não sei porque eu chego a pensar que, talvez, se tivéssemos ficado juntos, teria sido incrível. Ou não. Bem, às vezes nem seria tudo aquilo. Pode até ser que não combinássemos em nada – o que é mentira. Éramos perfeitos juntos. Sei lá, eu acho que temos a mania de romantizar amores que não deram certos, como se fossem épicos.

Mas é isso, não há o que fazer. Não adianta chorar sobre o leite derramado. Não há como voltar no tempo. Não temos essa possibilidade. É inevitável pensar que você poderia ter sido o amor da minha vida – agora perdido! Embora parecer definitivo, me consola pensar que tudo pode ser apenas algo do momento. Eu sei, lá no fundo, que o meu amor será sempre seu – só queria ter tido mais tempo.