A Felicidade é um Deserto

A felicidade é um deserto. Se estende, a perder de vista, no horizonte. Está em todas as direções. Apesar disso, ou melhor, por isso, muitas vezes, não é aproveitada. É muito óbvia para a intricada mente humana. Os viajantes não se dão conta dela. Apenas passam pelas areias finas. Não entendem que o deserto é o fim, e não, um meio para algo melhor. Procuram pelo mais complexo e, aparentemente, mais exuberante, como um oásis: palmeiras, ar fresco e águas cristalinas.

As dunas são apreciadas por sua beleza, contida na efemeridade, no vai e vem das diferentes formas que assume, moldadas pelo vento. No entanto, essa admiração ocupa poucos minutos na mente do Homem, mais preocupado com o fim do caminho.

Contudo, raramente, acontece de um viajante parar sua jornada e aproveitar a felicidade, capturar um punhado de areia nas mãos, tomando cuidado para que ela não escorra rápido demais, porque compreende o quão valiosa ela é. Como uma mãe que vê seu filho desenhando no chão da sala, fecha seu livro sobre como ser feliz, deixa o confortável sofá e se deita no solo frio ao seu lado.