Um punhado de girassóis

Há algum tempo, você me revelou o seu maior segredo – aquilo que você tentou guardar por tantos anos, em vão. Sempre esteve em seu olhar. Há um universo em seus olhos negros. Há uma beleza que não sei explicar toda vez que eu os encaro.

Em seu olhar, eu via o maior amor que eu já experimentei.

Eu sempre fui tão cética sobre o amor para mim – mas, bem, como eu te contei, eu adoro escrever sobre ele e sou boa nisso.

Havia amor em tudo o que você fazia para mim. Na maneira como me olhava, como sorria para mim, como me tocava, com adoração. Havia poesia nas palavras que você dizia quando estávamos sozinhos. Em seu abraço eu me sentia segura, em paz, em casa. O seu perfume me traz boas memórias.

Eu sei. É tarde demais!

Eu não sei como posso não ter me dado conta na época que eu amava você.

Como eu posso ter me deixado levar pela sensação de que não era o suficiente para você. Eu me afundei no meu caos e nas minhas inseguranças. Eu me enganei ao pensar que estava apaixonada por outro alguém, quando tudo o que eu almejava, sem saber, estava ali, ao meu lado.

Eu sei. É injusto somente agora me dar conta de que era você.

Eu ainda guardo a sua carta de amor. Sempre a guardarei como o símbolo desse amor, que não se concretizou.

Éramos jovens demais.

Eu nunca poderia imaginar que a minha resposta mudaria para sempre quem éramos. Não imaginava que dali em diante a nossa vida seria diferente. Mas quebramos. Eu te magoei. Quebrei seu coração e parti o meu junto. Machuquei as suas expectativas.

Eu fui covarde e não há perdão para o que fiz você sofrer – e o que eu sofri também.

Desde esse dia, eu sei que tentamos. Ainda tentamos andar na mesma estrada, mas surgiu uma curva no seu caminho e por mais que não quiséssemos, precisamos nos separar.

Eu quero que seja feliz!

Há tantas coisas que queria te dizer: algumas que me deixaram tão felizes, outras que me deixaram tão tristes, mas há um muro entre nós. E ele nos separa. Não há em cima do muro para nós. Não há um sim que salvará nós dois.

Desculpe, mais uma vez. Não sei se serve de consolo, mas eu pago um alto preço até hoje por aquela resposta.

“Há muita esperança, só não para nós.”

Eu espero que você seja feliz e que seu coração palpite da maneira correta. Por favor, não aceite menos do que você merece. Viva um amor que te consuma. Se não for assim, vá. Sem olhar para trás. E não se sinta culpado – você é bondoso demais e isso às vezes pode ser a sua ruína.

O amor que existe entre nós continua o mesmo, eu sei. Nós não temos mais a mesma proximidade e não podemos mais fazer parte da vida do outro, mas o carinho continua o mesmo. Você me disse que outras pessoas querem se aproximar de mim e que não queria que sua presença fosse um empecilho – e tem razão. Se há você, não há mais ninguém em meu coração.

Eu não queria perder você, mas sei que é inevitável.

Saiba, contudo, que eu sempre estarei aqui. Só me resta me adaptar a sua ausência. O vazio que ficou sem você aqui. Infelizmente a maturidade nos fazer perder aqueles que juramos amar a vida toda.

Às vezes o amor não é o suficiente para duas pessoas que se amam ficarem juntas.

“Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo.”

Não se preocupe comigo. Eu ficarei bem. Eu sempre fico bem!

Com tempo, você também ficará bem. A distância ajudará também.

Você também é o meu amor.

Eu sou o amor da sua vida, mas infelizmente não sou o amor para a sua vida.

E tudo bem!

(Eu também chorei após o fim daquela ligação).

Enfim... é isso!

Guarde seu punhado de girassóis a quem mereça. Parece que jamais será eu.

Ao meu trevo de quatro folhas, sempre!

(À sua eterna leãozinho.)

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 20/04/2021
Reeditado em 02/05/2021
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