Nada é Permanente

Nada é permanente. Por mais que as coisas possam parecer eternas. Nada é permanente. Você sabia, por exemplo, que os cientistas acreditam que dentro de alguns muitos anos o sol vai enfim explodir e o sistema solar, onde está o planeta Terra, desaparecerá? Isto é, se não acabarmos com a nossa casa antes. Mas se nem o Universo é eterno, é constante, quanto mais nós, pobres mortais, poeirinhas dos cosmos, coisinhas insignificantes diante da grandeza da natureza que segue o seu curso e do tempo que deteriora as coisas. Nada é permanente. Muito menos nós mesmos. E se não somos eternos, se não vamos durar para sempre, faz sentido nos mantermos em nossa arrogância e petulância? Em nossa ignorância e orgulho? Faz sentido guardarmos mágoas profundas e utilizarmos isso para atacarmos às pessoas? É claro que não precisamos conviver com quem nos machucou, mas também não faz sentido disparar para todos os lados querendo acertar alguém. Nada é permanente. Pessoas chegam e pessoas vão embora. Históricas terminam e histórias começam. Tudo se transforma. O dia de hoje nunca mais vai se repetir. O amanhã também não. O futuro vai acontecer e nunca mais poderá ser revivido. Então não faz sentido permitir que sentimentos ruins nos dominem, destruam nossos dias, acabem com o nosso humor e inundem a nossa mente com pensamentos de destruição. Nada é permanente. A raiva vai passar, você só não precisa alimentá-la.

Mas é o que fazemos. Custamos amar alguém. Temos tanto medo na hora de declarar o nosso amor, de dizer para a pessoa amada que desejamos tê-la ao nosso lado para o resto da vida. Ensaiamos essa declaração tantas vezes e no final das contas ela é feita de forma desengonçada. Mas na hora de falar que odiamos alguém... Ah! Meus amigos... Na hora de expor todo o nosso ódio, todo o nosso rancor, toda aquela ira que invadiu nosso espírito, não há filtro, não há vergonha, não há timidez, há apenas a vontade de machucar e desprezar. Falamos com uma facilidade que surpreende. Alçamos a voz. Não poupamos nossas cordas vocais. Fechamos os punhos. Mostramos as presas. Fazemos o horror se manifestar em nós mesmos. A gente se esquece de que nessa vida tudo um dia acaba, termina, chega ao seu definitivo fim e daí não teremos mais nenhuma chance. A gente se esquece de que podemos nos arrepender, de que as palavras lançadas, a violência empregada, tudo isso poderá se voltar contra nós e nos envergonhar. A gente não percebe que o amor é muito maior do que o ódio. Que num momento de ira ofendemos aquele que amamos, mas depois de passado o furor, o amor volta a afligir nosso coração, mas daí tentamos fugir dele, somos orgulhosos demais para reconhecer que fomos exagerados em nossa postura e voltar atrás em nossos gestos. A gente se esquece de que quando finalmente sairmos de nosso pedestal já não poderemos contar com aquilo que um dia existiu.

Ao se sentir irado, raivoso, sendo consumido pelo ódio, lembre-se de respirar fundo, de relaxar o corpo, de controlar o seu próprio coração. O mais importante, lembre-se de que tudo é passageiro e que nosso tempo é limitado para que fiquemos presos a sentimentos ruins, a desejos de vingança que nos privam de investir energia em coisas que realmente valem a pena. Tudo é passageiro. Inclusive os bons momentos que vivemos com quem amamos. Um dia esses momentos também acabarão porque um de nós cruzaremos a linha de chegada, por isso devemos aproveitar cada instante com sabedoria, com luz, com desejo por lá na frente termos do que nos recordar e sorrir, termos um bálsamo suave para o ímpeto da saudade. Aproveite a vida com sabedoria. Se existe alguma coisa que possa durar para sempre é o arrependimento. Pense nisso.

(Texto de @Amilton.Jnior)