Nuvens

As vezes perco-me em pensamentos sobre escolhas. É difícil concordar com o que precisa ser feito. Muita coisa pra pouco tempo, e quase sempre tempo que não foi aproveitado de maneira adequada. Daí, lembro-me de momentos da infância. Deitava sob a graminha amendoim do jardim, olhava pro céu azul claro e admirava as nuvens em seus formatos. Adentrava ao sonho acordado em pareidolia imaginando rostos, formas e bichos nas nuvens.

As vezes o tempo passava ali sem sofrer o medo que hoje atormenta-me. Era feliz pelo pouco que sabia. Saber muito amplia a consciência, de fato. Porém, em meu caso, a ampliação de consciência representava um sofrimento repentino pra escolhas e tomadas de decisões. Flagrava-me em indecisos conflitos mentais por horas. Afinal, por muito pensar no depois, movia lentamente muitas vezes. Interpretava o enxadrista mental perante a questões da vida e meus temores. Era aquele que arfava com o soprar do vento, suspirava fundo e acompanhava nuvens com os olhos. E elas, por si só, moviam-se no céu metamórfica e intensamente rumo ao desconhecido.

Nas nuvens achava respostas. Talvez devesse passar mais tempo em novas nuvens. A nebulosidade dos meus sentimentos provocava uma reação estacionária. O tempo passava, e muitas vezes surpreendia-me em nuvens escuras e trovoadas. Chovia em mim quando não conseguia algo que queria. Esperava o novo dia e novo tempo, além de novas nuvens brancas e multiformes. Nuvens de esperança e sombras refrescantes. Dessas que desejamos embaixo do Sol do meio-dia e do sofrimento de um dia de trabalho árduo.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 03/03/2021
Reeditado em 03/03/2021
Código do texto: T7197114
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