Chorar

Carência

Humanidade

Orgulho

Ressentir

Angústia

Recordar

Ao nascer, manifestamos nossa fome e sinal de vida. Um copioso choro do inocente recém nascido.

Quando incomodado ou abalado, o frágil hominídeo manifesta suas razões mais naturais e orgânicas. É salutar que haja manifestação do choro, pois servirá de alerta a quem proverá o auxílio, acolhimento e alimento.

Ao crescer, as dificuldades e mesmo as dores dos acidentes domésticos também suscitam ao choro. Cada queda, lembrança ruim, manifestação de insatisfação.

Como extensão da empatia, chora-se por ver o outro chorar e sofrer. Como manifestação da timidez, chora-se de medo e de vergonha ante a alguma exposição pública. Em reação a indignação choramos, sobretudo quando corrigidos ou disciplinados.

Na adolescência, redescobrindo o mundo que nos é desvelado, "o mundo das ideias e dos homens" , o choro toma algumas proporções egocêntricas. Choramos o que desejamos mas não temos. E algumas vezes choramos aquilo que perdemos ( desde a inocência roubada, até o amor não correspondido).

Choramos pelas desaprovações ante as regras do mundo e dos nossos pais. Choramos o desabafo, o medo do fracasso, das consequências. Choramos de emoção pelos sucessos alcançados e ainda quando somos homenageados.

Quando adultos, remoendo e ressentido nossos trajetos, tragédias e passados, choramos. Choramos o remorso e o que não fizemos. Choramos por aquilo que acabou, pelo parente que não voltou, pelo amigo que nos abandonou, pela equipe que se desfez, pelo amor que se esgotou.

Em grupo, choramos as dores uns dos outros. Desde os medos de um futuro sombrio às doenças e epidemias que surgem até a fome e miséria.

Com o amadurecer, choramos pelos que se foram, pelos que estão muito distantes. Recordações podem nos fazer chorar.

Sofrendo ou sorrindo, as lágrimas são as vozes dos nossos olhos. Comovem. Consentem. Ressentem. Choramos o processo de cura das feridas e até o remoer das que estão abertas. Choramos até quando manifestamos o orgulho ferido após algum insulto.

Choramos quando nos despedimos. Enquanto vivos, choramos.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 13/10/2020
Reeditado em 13/10/2020
Código do texto: T7086178
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