"Que a gente saiba florir onde a vida nos plantar"

“Que a gente saiba florir onde a vida nos plantar”. Essa é uma frase linda, de Rosi Coelho, que nos permite a diferentes interpretações e reflexões. Aos meus olhos, ou melhor dizendo, o que pude descobrir dentro de mim mesmo ao ler tais palavras, é que temos forte resistência ao improviso, que amamos o padronizado, o esperado, o previsível. Assim sendo, parece que só sabemos viver se tudo estiver como sempre foi ou como imaginávamos que seria, para o que nos preparamos para encontrar. Mas não é assim que acontece. Raras são as vezes nas quais as experiências que passamos seguem fielmente o que antes desenhamos mentalmente, ao contrário, muitas são as vezes nas quais somos pegos desprevenidos. É aí que está a filosofia da frase citada. Precisamos aprender a reagir com criatividade e beleza aos muitos momentos que nos são direcionados a viver. Precisamos aprender que nem sempre o que queremos é o que nos será dado, e que nos resta saber aproveitar ao máximo cada um dos presentes que nos são entregues. E presente a gente nunca sabe como vai ser enquanto não desfazemos o laço e desembrulhamos a embalagem.

Queremos “aquilo” e ponto final, nada mais nos satisfaz, nada mais nos cativa, queremos somente “aquilo”, “aquilo” que nem nos dá bola, que nem nos dá atenção, “aquilo” que pouco se importa com a nossa querência, que às vezes nem se interessa por nossa existência. Por causa dessa errônea atitude deixamos de deslumbrar as demais rosas do jardim, deixamos de conhecer algo que nos complete, deixamos de viver uma história digna de ser contada pelos quatro cantos do mundo.

Não florimos onde a vida nos plantou.

O destino prega tantas peças em nós, pobres mortais, ao ponto de nos plantar longe “daquilo” que queríamos conquistar, que cobiçávamos intensamente. Ao invés de aceitarmos e vivermos coisas novas, fechamo-nos, murchamos nossas flores, secamos nossas folhas, ofuscamo-nos. Aí queremos reclamar que ninguém nos nota, que ninguém nos admira, que ninguém se aproxima para sentir o nosso perfume, mas nos esquecemos que antes nos cegamos por nosso próprio egoísmo ao desejarmos uma coisa e não nos satisfazermos pelo resto que nos pode ser ofertado. Deveríamos ter parado para pensar na grandiosidade do que poderíamos ter perto do pouco que desejávamos cegamente.

Olhe ao seu redor. Quantas rosas. Quantas paisagens. Quantos belos horizontes. Será que você não pode contribuir para esse cenário com a sua própria beleza? Com o seu próprio florescimento? Eu tenho certeza de que se você se permitir a isso atrairá olhares impressionados, sentimentos apaixonados e inspirará que tantas outras rosas também consigam se abrir e exalar todo o seu singular aroma. Empurre as pedras, rompe a terra, floresça!

(Texto de @Amilton.Jnior)