Abstratamente concreto ou concretamente abstrato
A grande abstração do amor é o fato dele ser mais concreto e duradouro que qualquer coisa palpável, ele é a concretização de desejos e sonhos que são denominados abstratos por transcenderem as fronteiras da limitada realidade.
O amor abstrai-se de algemas, preconceitos, padrões e imposições e agindo assim possibilita a concretização de uma existência plena de felicidade, conceito que só pode ser entendido e vivenciado sobre seus alicerces eternamente incólumes.
O amor não cabe em conceitos fechados nem se prende a jogos de palavras, ele é tudo, surge do nada e valida ou não sua existência, é e está em cada passo da jornada, em cada pétala ou gota de sangue provocada pelos espinhos de uma rosa, é o jardim perfeito, mas também vive no canteiro abandonado, mesmo que escondido, hibernando, à espera de acordar e ligar o farol, único guia nas quase intransponíveis noites de solidão.
Fugir dele é impossível, não podemos mentir para nós mesmos, nem cobrindo nem quebrando espelhos, cada caco de alma reflete o todo e guarda em si a esperança da reunião, mesmo com a infinita dor das cicatrizes, mesmo com as pontas aparadas, mesmo no silêncio das longas madrugadas.