Conservar o Casamento

Quando um casamento chega ao fim?

O que faz juras de amor proferidas tempos antes sejam desfeitas como coisas inúteis?

Qual o motivo do desejo por construir uma família se transformar em pesadelo?

O amor não é um sentimento nobre? Como pode nos proporcionar experiências tão desastrosas?

Reflita um pouco sobre essas perguntas e vamos falar da união que aparenta ser eterna.

O casal se encontra pela primeira vez e sente uma ardência no peito, uma pulsação diferente no coração. Os amantes, ao encararem as íris cintilantes um do outro, sentem um formigamento no estômago; ao ouvirem o som da voz parecem ser levados a outra dimensão; com os primeiros toques sentem as pernas fraquejarem.

Os dias vão se passando, um já não consegue tirar o outro dos milhares de pensamentos e aguardam ansiosos pelo próximo encontro, pela próxima oportunidade que terão para conversarem, estarem ao lado daquele ou daquela que faz os dias nascerem mais bonitos.

Chega uma hora que não dá mais para conter o turbilhão de sentimentos, parece impossível encarar a pessoa amada sem poder declarar e demonstrar todo o amor compartilhado; o primeiro beijo acontece, de inúmeras formas, de tantas maneiras, com o mesmo resultado: um sorriso bobo e uma paixão que apenas cresce.

Começa, então, o namoro. Ah! O namoro! Fase de suspiros, troca de presentes, carícias e beijos. Não demora muito para que os primeiros diálogos acerca do futuro apareçam; imaginam os filhos e até mesmo os netos, juram que morrerão um ao lado do outro e planejam, até mesmo, uma vida de amor eterno. Não há mais o que esperar, desejam passar as vinte e quatro horas do dia ao lado de quem se ama, desejam dormir abraçados e envoltos pelos sentimentos que os envolvem; casam-se.

O casamento, independente da crença ou falta dela, deveria ser respeitado como algo sagrado, afinal de contas é um compromisso acordado em nome do amor. É o momento de realizar todos aqueles sonhos, é a hora de cumprir cada jura saída do coração. É agora que os casais se amam ainda mais intensamente, são possuídos um pelo outro em nome daquilo que os uniu, são feitos um só. Ao menos é assim que deveria ser.

O tempo passa e com ele parece que o interesse passa também. Talvez a família já esteja construída, os amigos pensem que o casamento esteja perfeito, mas as paredes da casa são testemunhas da falta de carinho, atenção, união e compreensão. O amor parece se acabar como algo finito que já tem o seu último dia decretado.

Distanciamento. Esse é o caminho tomado por muitos casais que se esqueceram de alimentar o amor, de abastecer a chama da paixão. Pensaram que seria fácil, que tudo seria para sempre, mas se esqueceram que a vida é uma constante metamorfose e que não custa nada para que em um segundo percamos aquilo que levamos anos para conquistar.

O amor não se ganha gratuitamente, ele é uma conquista sofrida que, uma vez não protegida nos é roubada.

Muitos casamentos se acabam por causa de brigas, discussões, violências ou traições, mas cada uma dessas motivações tem uma causa maior: a falta de amor; não se olha mais para a mulher de sua vida como aquela garota que o enfeitiçou no simples ato de sorrir, e nem se deita sobre o peito do marido como o homem que sempre sonhou ter ao lado; não se troca mais abraços como se algo muito precioso e cobiçado fosse abraçado; não se trocam mais aquelas doces palavras de amor.

O amor é o ouro da alma; uma vez perdido, jamais achado.