Retalhos da vida de Zuzu

Como já tive oportunidade de dizer, sou de origem humilde, o que nunca me envergonhou, muito pelo contrário, pois na nossa casa modesta não tinha luxo, podia faltar tudo, menos amor.

Sou a mais velha de cinco irmãos. Por incrível que pareça, mesmo naquela simplicidade éramos felizes.

Outro dia lembrei-me de um episódio que gostaria de compartilhar:

- Eu tinha oito anos e ouvi a mamãe dizer ao papai: "Já não temos nada de comida para fazer, acabou tudo, hoje fiz o que restava. Como será amanhã?"

Papai respondeu: "Se acalme que eu vou dar um jeito, com fome ninguém vai ficar."

Pediu uma frigideira e o martelo de bater carne e saiu pra rua com um carrinho de mão. Batia na frigideira e gritava: "Dona Maria, arrumamos canecos, bules, colocamos asas, soldamos os cabos das panelas." Rapidinho ele trouxe um monte de serviços para serem entregues no dia seguinte.

Ele trabalhou a noite toda e, com isso, pôde trazer comida pra casa.

São lembranças assim que ficam para sempre em nossos corações e vêm provar que não precisamos de muito para sermos felizes.