A Noite do Amor Rubro
Pensei ser só uma boca, mas era rubra; vermelha. Aí tudo ficou escarlate, vi sangue nos seus olhos. Sua face se desfez em uma aquarela de palhetas de sangue. Seu lábio mordido, generoso sempre. Cabelos negros. Como não seriam? E sua tez macia, seu colo sempre distante, apesar de próximo. E são tantas misturas de cores, mas sempre o vermelho.
Um corpo vermelho.
Um jeito vermelho.
Pele vermelha.
E fez meu horizonte se tornar rubro. A morte rubra.
Copos.
Gente.
Baile.
O baile da noite rubra.
Sem intenção tornou tudo vermelho. Coloquei papel celofane vermelho nos olhos.
Vi-te sangrar. Era tão vermelho. Cobria seu corpo reto, mórfico, seio branco com pontas rosadas; Eram flores vermelhas.
Teu gosto vermelho. Você falou que era um demônio, eu pouco sabia de céu.
Escorre sangue dos meus lábios. É sua pele mordia, seu quarto agonizado, sua vida refeita em sangue.
E seu gosto de terra, de ferro e de mulher na minha boca ficaram.
O baile segue, na noite da morte rubra.