Ao suícida, meu abraço...

Porque morrer simplifica tudo.

Tudo para de doer.

Tudo deixa de existir

Nenhum mal pode te acontecer.

Porque ninguém

te alcançará no além.

Nem o veneno

tampouco o desprezo de alguém...

Escolho te abraçar,

ilustre desconhecido.

Para que saiba

que não foi esquecido.

Também estou sozinha

No meio da multidão.

Pois por mim não bate sequer

nem o mais sombrio coração.

Sei das tuas batalhas

E quanto pesa essa tristeza.

Somos a vela queimada e apagada

Esquecida sobre a mesa.

São sombrios,

nossos pensamentos.

Mas são gigantes

nossos sentimentos.

Somos o pouco que resta

da humanidade.

Que sente tudo sozinho

no meio da cidade.

Não pense que está sozinho

ou esquecido em um canto.

Sinto tua tristeza e também

choro teu pranto.

Abra os braços agora

e me envolva num abraço.

Nossa tristeza nos uniu

no mais forte dos laços.

Tua solidão

é minha solidão.

Teu coração

é meu coração.

Tua angustia

me angustia também.

Teus pensamentos

são meus e de alguém...

Alguém que não sofre

Mas nos enxerga por dentro.

Gente que ainda tem alma

e nos traz um alento.

Alento de que existimos

e temos algum valor.

Se apegue então

a esse ultimo gesto de amor.

Eu me importo com você

E você se importa comigo.

Na nossa estranha dor

podemos nos tornar amigos.

Me abraça?

***

02/11/2018

Márcia Magal
Enviado por Márcia Magal em 02/11/2018
Código do texto: T6492781
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