SEM SEMPRE...

Bem lá no fundo de qualquer coração,

Como poço velho de memória perdida,

Mina abandonada e tanta joia vendida,

Há, não sei. Saudade? Só recordação?

Talvez algo arrancado que ficou contido

Algo que se pensava antes de esquecer

Um desassossego, como desejo de ter,

Talvez um amor, sem fim, sem ter sido...

Ninguém sabe o que há ou o que sente

Sabe que lembrar, ou pensar pressente

Que algo que ainda há, nele tanto havia

E só quando a vontade de ter aumentar,

Vai sentir que, completando, vai te faltar

O que toda ausência de hoje lhe cabia...