CASA IX

Disseram que o meu acontecer no céu já começou. Fui ver, a mim mesmo, como se amanhã não pudesse nunca mais, e o meu olhar prolongou-se na vastidão de estrelas...

Disseram que o meu significado estava lá em algumas delas. Tudo era da cor de espera, luzindo, como esta minha ilusão, pois, em outra realidade, eu já era a primavera...

Disseram tanto que e me vislumbrei no universo. Eu lá, como um desenho mal traçado, como uma suposição qualquer, um delírio interestelar, tão descontínuo, disperso...

Disseram: — Não vês? És ilustrado em escorpião!

Pensei nas certezas de mim... Escorpiões... como pude ser algo no céu, se minhas memórias e consciência só me disseram, não?!!

Eu sou quem se alastra pelo universo inteiro.

Sou além das agudezas do que me dizem ver...

Olho, melancolicamente, o céu e me vem uma risada.

Sou como esses brilhos que tudo podem ser,

Nesse imenso vazio de nunca ser nada!