Despertar

...E eu abri meus olhos então, e nada vi...

Cega por tudo o que acontecia comigo, desejando arduamente que fossem punidos todos os culpados que fossem julgados e então condenados. Culpados pelo que?

Todos os que me fizeram acreditar e então jogaram-me de volta à realidade e entender que nada era real, eram apenas ilusões criadas para me fazer acreditar que tudo poderia ser diferente, acreditar no que eles acreditavam.... Vazios, frios, condenados á viver na escuridão de seus próprios atos.

...E eu abri meus olhos então, e eu vi...

Eu pude ver todas as promessas feitas e quebradas todos os sonhos que poderiam ser reais desmanchados e soprados pelo vento, engolidos e esquecidos pelo tempo....

...E eu abri meus olhos então e vi...

Você com seus lindos olhos castanhos me olhando de volta e percebi o quanto és lindo e indaguei então, porque você não me esperou como havia prometido? Estamos aqui sentados em silêncio a troca de olhares nos diz que muito se perdeu durante todo esse tempo em que eu tentava me dizer todos os dias que você partiu e que eu me recusei a acreditar que você me deixaria aqui sozinha... de novo... A dor é tão intensa e latente mesmo depois de todo esse tempo e você insiste em me assombrar com sua presença oculta fazendo com que todas as minhas memórias permaneçam aqui vivas sussurrando no escuro tudo o que poderia ter sido e nada foi fazendo-me girar em uma espiral insana de lindos sonhos e pesadelos infernais...

Você consegue ver meu coração ainda? E então você segura minha mão e uma explosão de sentimentos afloram arrebatando-me com muita força e toda minha agonia se vai quando você me envolve em seus braços. E eu rogo aos Deuses que me deem algo real em que eu possa acreditar.... Enquanto caminhamos você me mostra que tudo poderia ter sido diferente e que eu poderia sim ter sido feliz de muitas outras formas e que eu poderia ter encontrado alguém além de você, mas que eu me recusei! E então replico, pois eu tentei arduamente fazer acontecer com outros, mas que eu procurei em cada um deles estes olhos, estes lindos olhos castanhos, mas não encontrei e nenhum deles estavam dispostos a me dar o que você me prometeu e eu realmente desejei que pudessem me fazer esquecê-lo; esquecer os momentos em que estive sozinha e perdida e nas vitórias honrosas, entre risos e lágrimas nenhum deles puderam estar lá e nem você para compartilhá-los comigo e sozinha fiquei a esperar... não por eles, mas por você.

Ah, querido eu enxuguei suas lágrimas quando elas caíram, e eu te abracei forte quando sentiu medo e eu estive lá unicamente por você e porque você era minha vida.

...E eu abri os olhos então, e eu não vi.

O que eu fiz comigo? Como cheguei até aqui e mudei tudo e tanto do que fui. E aprendi que tudo bem se em alguns dias eu me sentir bem e no outro não, e que tudo bem se as vezes é difícil seguir apenas o coração e que as vezes algo grita dentro de mim, e que os sonhos só podem ser reais se vivermos acreditando. E que você pode ser muito ou nada, basta sempre acreditar em quem você realmente é! Muitos sorrisos podem não ser reais e que apenas tentamos mostrar ao mundo que somos verdadeiros atores em um mundo falso que desmorona lentamente aos nossos olhos marejados de tanta dor.

...E eu abri os olhos então, e eu vi.

O amor não é a cura para tudo, e que ninguém poderá me amar mais do que eu mesma, então digo sim, eu posso me dar tudo, não há nada que eu não possa conquistar e não há nada que os outros possam me oferecer que eu já não tenha alcançado. E eu prometo que eu serei minha cura.

...E eu abri os olhos então, e não te vi mais...

Mas eu sempre te guardarei aqui dentro em um lugar especial, mas escuro. O que sinto por você é um paradoxo onde o amor e o ódio estão interligados, mas não se engane pensando que o oposto de amor é ódio. Não querido! Eu aprendi que o oposto de amor é a indiferença!

Eu fiquei aqui dentro te vendo partir, olhado para você deste janela quebrada, lágrimas quentes percorriam minha face enquanto você se afastava, levastes contigo um pedaço de mim e o vazio permanece!

Eu te guardo aqui dentro em um lugar quente, permitindo que me aqueças no inverno, proteja-me do frio. Agora que a dor já não é mais excruciante sento-me aqui nesta poltrona observando através desta janela quebrada, com minha taça de vinho tinto e sim, já virei a páginas muitas vezes.

....E eu abri meus olhos então, e me vi....

Deitada no assoalho frio, meu corpo já pálido e sem vida e percebi que tudo já passou e que nada mais pode ser feito a partir deste momento a não ser observar por esta janela quebrada o que foi e nunca mais voltará, o que foi perdido e jamais será encontrado, o que foi quebrado e jamais será consertado!

...E eu fechei meus olhos...

AConselheira
Enviado por AConselheira em 01/10/2017
Reeditado em 07/04/2018
Código do texto: T6130365
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.