Beleza Vazia

Despisto meu passo, me escondo em buracos. Fumo escondido. Na casca, no sangue e por dentro. Meu sono, minha paz. Me acho, me encaro. Útero, ventre, nascer. Mordo o vazio e respiro pesado. Sons, falas e distorções, a música do mundo soa cruel. Distante de tudo eu miro as estrelas, procuro o cometa que me dará carona. Luzes só me trazem sombra. Sobra tudo em mim, nada me sai. Carrego falhas intermináveis, incorrigíveis.

Só se vê ódio e verborragia, carrego tudo em meu corpo. Tento vomitar o mundo, discorrer, correr, fugir de tudo. A “Dipirona” já não basta. Sou um escombro dentro do entulho. Engulo seco. Não vem a chuva, só carros. Preciso de mar, preciso de mim. Não posso mais com isso. Lugar frio. Me encolho. Dormir. Sonhar. Então a beleza estará em tudo, mesmo que só exista o silêncio.

Rodrigo Sanchez
Enviado por Rodrigo Sanchez em 20/09/2017
Reeditado em 20/09/2017
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