Existem pessoas que passam a vida pensando no futuro. Pensam em como será sua vida assim que terminarem a escola, ou como será sua vida assim que tiverem muito dinheiro.
Existem outras pessoas que passam a vida pensando no passado. Pensam como sua vida teria sido diferente se tivessem aceitado aquela oportunidade, ou como seria sua vida hoje se tivessem estudado mais.
 Apesar de futuro e passado estarem em polos opostos, esses dois tipos de pessoas têm algo em comum: elas deixam de viver o presente para “viver” um momento em que não se pode fazer absolutamente nada.
É claro que com isso não quero dizer que pensar no passado ou no futuro é errado. Pelo contrário, é necessário. A experiência do passado justifica a situação em que você se encontra hoje e o ajuda a compreender a sua evolução e as suas possibilidades. A visão de futuro determina o que você deve fazer hoje para chegar onde pretende.
Porém, perceba que passado e futuro se encontram em um só ponto: o hoje, que é o momento em que nossa vida acontece, é o momento em que podemos fazer efetivamente alguma coisa concreta.
Todo dia é dia de viver, de ser feliz. Mas um dia de cada vez. Cada dia a seu próprio tempo.
O problema é que as pessoas conseguem sair mentalmente do presente e tentar viver em um tempo que não existe – ou no passado, ou no futuro. Em geral, depositam toda sua esperança de felicidade nesses momentos e esquecem de ser feliz no único momento em que isso é possível: o agora.
As pessoas gastam energia pensando no que perderam em seu passado e esquecem que hoje podem tentar um novo caminho. Outras depositam toda sua felicidade em um momento futuro, mas esquecem de toda a caminhada que precisam fazer para chegar lá – e que talvez o futuro que vislumbrem jamais venha a acontecer.
Dalai Lama afirma que “por pensarem ansiosamente no futuro (as pessoas) esquecem do presente, de maneira que acabam por não viverem nem no presente nem no futuro”.
Particularmente, acredito que a felicidade está no caminho que trilhamos e que não existe um ponto de chegada – apenas existe o caminho e é nele que devemos ser felizes.
O filme “O Poder Além da Vida” ilustra de modo impecável o que estamos conversando. Existem dois personagens principais: Dan e seu mestre Sócrates.
Em certa ocasião, Sócrates chama Dan para passear, pois queria mostrar-lhe algo. Os dois caminham durante três horas em uma floresta incrível, até chegarem onde Sócrates queria levar o garoto.
Dan, então, pergunta ao mestre se o que ele queria lhe mostrar era aquela paisagem linda daquele lugar. Mas o mestre responde que não e aponta para o chão. No chão havia apenas uma pedra. Isso mesmo, só uma pedra comum. Foram três horas de caminhada para ver apenas uma pedra!
Dan fica chateado e não acredita no que está acontecendo. Mas é nesse momento que Sócrates deixa sua lição. Com sabedoria, o mestre ajuda o garoto a compreender que não se deve comprometer a felicidade de três horas de caminhada, ansiando por um pequeno momento no futuro, que poderá vir a não ter o encanto que se espera.
Isso acontece com muita gente. E a grande maioria se frustra.
Muitas pessoas se dedicam febrilmente a passar em concursos, por exemplo, depositam sua felicidade no resultado das provas e comprometem meses, ou até anos, de sua vida em um estudo alucinado, pensando apenas em viver aquelas quatro horas de prova.
Atletas olímpicos depositam sua condição de ser feliz no resultado daqueles poucos segundos em uma olimpíada, comprometendo assim a sua felicidade, que poderia estar presente mesmo durante os quatro anos de preparação.
Pergunto: e se não der certo? E se a vitória não vier – afinal, a derrota também faz parte do jogo. E aí?... Foram infelizes durante todo esse tempo e não conquistaram a felicidade planejada para o “momento de chegada”, para a comemoração da conquista, que não veio.
O garoto Dan entende a mensagem de seu mestre e então diz “a felicidade está na jornada e não no destino”. Afinal, é na jornada que passamos a maior parte de nossas vidas.
O filme ainda deixa outra frase marcante: “Retire seu lixo mental. Ele atrapalha o que realmente importa: o aqui e agora.”
Pois é isso: o agora é o único momento e o aqui é o único local em que podemos fazer a diferença. O “aqui e o agora” é tudo o que realmente existe.
Devemos conhecer o passado, projetar o futuro e desfrutar o presente. É aí onde está a essência de ser feliz.
Devemos buscar a felicidade no caminho, pois é nele que passamos a maior parte de nossas vidas e é nele que podemos mudar para melhor tudo o que porventura não nos agrade.
Para encerrar esta nossa conversa, vou citar novamente um pensamento do Dalai Lama: “Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um se chama ‘ontem’ e o outro se chama ‘amanhã’. Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e, principalmente, viver”.
Que o seu dia de hoje seja muito feliz!  


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