ASSIM

Pediram pra falar como sou

Digo: não sou, nem saberei

A complexidade que estou

De tão óbvio que era, errei.

Se tento explicar meu poema

Erro e crio uma nova poesia.

Converso sobre um problema

E violinos tocam uma melodia.

Amigos dizem sentir falta

E eu não sei nem de mim

Visitas esperam-me na sala

Eu com as flores no jardim.

Os meus planos de sucesso

Estão em papéis higiênicos

Sou pior dos egocêntricos

Nos outros fiz meu universo

Convivo com cubo mágico

Compreendo nele meu existir

Minto histórias de fim trágico

Poluo mentes com o refletir

Conhecem-me por "ouvi dizer"

Minto quando tento crônica

Tenho dor de cabeça irônica

Falo verdades só por prazer

incoerente como noite de lua

Na Memória não me lembro ser

Sou o que me propus nas ruas

Amei todas que puderam caber

Não tenho um coração normal

Faço atrocidades com o sorrir

Ofendo com um silêncio irreal

E com gentilezas vivo a agredir.

Sou a pior pessoa que houver

Fiz um pacto com a calma:

Aluguei meu corpo pra alma

"Nele faça o bem que puder..."