FOCO EM MIM

Tem decisões na vida, que a gente nem sabe porquê tomou. Encontramo-nos numa encruzilhada, fazemos o “uni, duni, tê”, e seguimos a sorte.

Assim foi com o SEA. Estava num mau momento e aquele programa caiu como uma luva. Cliquei e aqui estou. No meio de um monte de mulheres. Escolhidas a dedo. Peneiradas.

Quando achei que ninguém mais prestava nesse mundo, vejo-me rodeada de pessoas do bem.

E eu que achava que meu problema era grande, diante do delas, encolheu feito a Alice, no país das maravilhas. Minha roupa, como a do personagem, me cobriu, mostrando que o problema enorme, não passava de uma casca. Descartável, como uma roupa que não nos serve mais.

Vendo-me pequenina e nua, perante os gigantescos casos de cada uma, percebo que não tinha o direito de reclamar. E na falta de “vitimismo”, encontro-me no papel de ajudar. E não existe nada mais recompensador do que poder oferecer ombro e palavra.

E assim passei a escrever meus pontos de vistas. Minhas opiniões e minhas experiências. Se estão certas ou não, não sei. Mas a intenção é verdadeira e positiva. Não tenho nenhum estudo acadêmico pra isso. Apenas aprendizado de vida.

E nesse fim de semana, o dia mais esperado. O presencial.

A troca foi super positiva. Liguei a história à carinha de cada uma, feito passatempo de coquetel. Agora as vidas tinham rostos.

O que aconteceu comigo, aconteceu com várias. Quando não temos comparativos, achamos que nosso problema é único e digno de dramalhão mexicano. Ao ouvir as histórias das outras, deixamos de ser ETs e passamos a ser seres humanos novamente. Quando uma estava emocionalmente contando sua separação, o grupo se comungava, e a vontade de tirar a dor do outro, era maior que a própria dor.

Só sei que no fim, depois da catarse, fomos comemorar assistindo uma peça de teatro.

Eu era a última da fila. E tinha a visão do todo. E vi tanta mulher forte, totalmente desconhecida do seu valor. Tanta mulher linda, desprovida do autojulgamento do que era beleza. Tanta mulher no formol, desacreditada da sua juventude.

Que homem é esse que fez isso conosco? Que fragilidade a nossa, que permitiu essa invasão? Que falta de limite é esse, que nos colocou na mão do outro?

Não. Não posso deixar de acreditar em nossas qualidades. Reconhecer nossa superioridade perante o homem. Lembrar que quem desdém quer comprar. Conscientizar que somos produtos caros, mas desvalorizadas, por “donos” que já nos tem. Por “donos” sempre ávidos de novas aquisições.

Conscientização de que não serei de mais ninguém. Serei minha dona. Quem me quiser, que venha , mas ao meu lado. Não quero ninguém na minha frente atrapalhando a minha visão.

Nenhuma coleira me prendendo. Nenhuma guia limitando até onde posso ir.

Ninguém controlando minha cota/ração.

Sou muito fiel, não ao meu dono, mas aos meus princípios, ao meu corpo e à minha mente.

Comigo agora, só se for de mão dada. Ladeado. Paralelo.

FOCO EM MIM !

Cristina Verducci