CARTILHA

A vida acontece nos decimais, entre o “0” e o “1”. Meio é o equilíbrio.

Zero poderíamos considerar o que nos ensinaram, onde está escrito na cartilha, o gênero, a verdade, a honestidade, o caráter, enfim, os valores positivos. O “um” pode ser representado pelo seu oposto. Gradualmente, conforme vamos crescendo, nos colocamos em algum decimal, em muitos aspectos da vida.

Na cartilha aprendemos o que devemos seguir para ser um ser de valor.

O sofrimento está em descobrirmos que o que nos foi ensinado não é verdade. E por que continuamos a passar a cartilha falsa para nossos filhos?

É evidenciado na cartilha que devemos ser generosos. Na vida aprendemos que o egoísta se dá melhor, pois senão ficamos com as migalhas.

Na cartilha diz que se você estudar bastante, e tirar boas notas, as pessoas vão te admirar. Percebemos que os que mais se destacam são os maiores alvos de bulling.

Aprendemos que ter sucesso nos fará grande, e que as pessoas admiram os ganhadores. No entanto, quem chegou lá, sabe que o sucesso é solitário e alvo de agressividade e de inveja.

Que a verdade deve prevalecer. Na vida descobrimos que se falarmos a verdade, sempre, estaremos vulneráveis. A mentira ou a edição da verdade é nosso escudo, nossa armadura, nossa proteção.

No poema de Clarice Lispector “Se Eu Fosse Eu”, ela revela que provavelmente nem estaria solta, tal a quantidade de “monstros“ que sairiam de dentro do seu eu.

No meu caso diria o contrário: o que faria se eu não fosse eu.

Quanta coisa faria. Tudo que admiro no outro, eu faria se eu não fosse eu.

Desconfiar da cartilha é sinal de amadurecimento.

Viver fora da cartilha é sinal de crescimento.

Mas jogar fora a cartilha , é a mais genuína expressão de liberdade.

Se eu não fosse eu... mandaria o famoso “F”

Cristina Verducci