Próxima estação: Passado

O passado, embora seja imutável, permanece em movimento quando não deixamos de olhar para ele.

Permanecemos passeando mentalmente em lembranças que talvez estejam vivas e latentes apenas em nossos corações, em nossos pensamentos.

Revisitamos lugares, sorrisos, palavras, cheiros e sensações. E apesar de podermos voltar ao passado, reviver todos esses detalhes, não podemos mudar um copo de lugar, não podemos engolir uma palavra que não devia ter sido dita, não podemos chegar dez minutos mais cedo ou mais tarde para evitar ou mudar alguma situação.

Existe um passado só nosso, com decisões pessoais que couberam somente a nós e a ninguém mais.

Existe um passado compartilhado, onde tivemos que aceitar as decisões alheias, de forma que a nossa vontade não fosse o suficiente para bater o martelo, como se fossemos sócios minoritários de um negócio que seguiu sem você.

Existe um passado em que a vontade divina ou seja lá como você defina essa energia que movimenta vida e morte, agiu sem que houvesse nenhuma decisão a ser tomada e a única opção era aceitar.

Quando o passado ainda machuca, é porque de alguma forma seu olhar ainda está lá. Você ainda está lá, olhando, tocando, repetindo diálogos com alguém que já está no presente tecendo outros diálogos com alguém que não é você, construindo um novo futuro e você, permanece lá, olhando para aquelas cenas com essa pessoa que provavelmente já nem é mais como era nessas lembranças que te acorrentam.

É mais fácil manter laços com o passado, porque o passado é algo conhecido. O passado é aquele cobertorzinho que você não consegue dormir sem. Por mais gasto que esteja, por mais amarelado que esteja, por mais que sua mãe tente joga-lo fora, você não deixa, porque tem a sensação de que é o cobertorzinho que te deixa seguro e confortável por tudo que ele representou durante o seu desenvolvimento e abrir mão dele, é como admitir que cresceu e que agora o caminho só depende de você!

E o futuro, o futuro é o desconhecido e o desconhecido nos mete medo desde que nos conhecemos por gente, desde quando nossa mãe falava: nunca fale ou aceite qualquer coisa de um desconhecido, ouviu?!

O futuro nos mete tanto medo, que nem nos damos conta de que o minuto seguinte já é o futuro, de que o passo seguinte, já está rumando ao futuro, de que o pensamento seguinte já direciona a sua ação futura.

Parece que o passado é mais próximo e mais acessível que o futuro, pelo simples fato de podermos acessá-lo, como um filme ou um arquivo no computador. E o futuro, parece distante porque está Intrinsecamente ligado aos nossos medos: medo de fracassar, medo de morrer sozinho, medo de passar a vida sozinho, medo de perder, medo!

O futuro, meus caros, é o seu longa metragem ao vivo! O futuro é o que você faz do seu presente, presente esse muitas vezes ignorado por vivermos a maior parte do tempo no passado ou em um futuro que só existe na nossa cabeça.

O futuro é um jogo de xadrez, onde o xeque mate é inevitável, mas no final o que vale a pena mesmo, é toda a emoção do jogo. Emoção essa que dependerá de você ficar chorando a perda da rainha ou aprender a jogar com um exército de peões, que com inteligência e estratégia podem te manter em pé até a sua última jogada!