O fim inevitável de um começo sem fim

E quando nos deparamos com algo que à primeira vista parece ser bom, a vida é perfeita em nos mostrar que nem tudo é tão bom quanto parece ser, e tira aquilo que pouco é capaz de alegrar: a motivação que nos faz seguir e a energia que nos contagia e nos faz levantar todas às manhãs. O dia é de Sol, mas de repente tudo pode logo mudar. Quem disse que você tem poder sobre aquilo que foi traçado em sua vida? Quem disse que você pode alterar os percalços que a vida tem para lhe ofertar? Na vida tudo se transforma a todo o tempo, não há felicidade ou tristeza, há momentos em que manifestamos nossa alegria, ora substancial, ora superficial. A melancolia toma conta do seu ser e te faz pensar que nada mais faz sentido, que tudo perdeu a cor e de fato perdeu, está submerso em uma onda de misantropia. Parece inacabável, parece infinito, mas é. Nadar e se salvar parece algo improvável e de fato é. A onda te leva e você vai na onda, não consegue escapar e realmente não escapará. A vida te propõe desafios, entroncamentos e imperfeições, disso não há fuga, não há saída e não há lamúria que te faça resgatar. Quando percebe a onda te leva, te levou para longe, para caminhos tortuosos, inimagináveis e obscuros, não há luz, não há cor, só vejo sobriedade, só vejo o entorpecer do dia, que sequer é um dia, é uma noite, uma noite sem fim, não termina, e se termina não percebo. Percebo que não consigo voltar, se é que eu tinha algum lugar para voltar. Percebo que antes éramos muitos, mas que agora estou sozinho, mas também já não mais sei se não me encontrava só no passado. Não sei se éramos, eram ou era. Percebo que o vazio do nada me faz enxergar que talvez eu sempre estivesse no nada e que o que pensava ser tudo, na verdade era o nada. Eis que me encontro mais uma vez sozinho, solitário, esquecido e escurecido, não sinto dor, não sinto cheiro, não sinto cor, já não mais sei onde estou e nem se estou em algum lugar. Sair - talvez, não seja mais sair, mas chegar. E entre marolas, curvas, pedras e vazios, são muitos, são infinitos, não mais me reconheço, não mais me vejo e no espelho escuro e sem luz que me encontro me esvoaço na escuridão em que me encontrei, que me encontro, que me encontrava. O fim inevitavelmente pode ser um começo, mas pode, também, ser apenas um fim.

Matheus Karl
Enviado por Matheus Karl em 16/12/2016
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