FILHOS DA CONSTITUIÇÃO
O português formal culto, recheado de palavras líricas, anuncia a sorte grande dos filhos da constituição. Todos aqueles direitos conquistados, escritos ali, e são muitos, nos encantam com todos os seus artigos, parágrafos, incisos e alíneas, juntos e ordenados, garantido as prerrogativas necessárias a todo o zelo da nação.(...)Papel. Um emaranhando de papel mandados a uma gráfica que cuidasse da brochura e da arte em sua capa. E temos um belo livro. Papel, palavras e palavras que insistem em permanecer ali. Aprisionadas. E da vida que se vai levando, e do que com os olhos vai-se vendo, e da parte que vai se inteirando, o encanto pelo belo livro vai se perdendo e ele vai sendo desfigurado pela realidade. A realidade dessa gente que chora, dessa gente que implora, os direitos que outrora foram-lhe arrancados, negados. Não tem mais direito. Não tem direito à cidadania. Não tem direito à igualdade. Não tem direito à moradia. Não tem direito à dignidade. Aquela gente, toda aquela gente, aglomerado..., face de um Brasil errante, que não soube dar a seu povo as promessas do livro tão importante...