O difícil socializar.

Perspectiva breve: O difícil socializar.

(Por: Lairrana P. Teles)

“A originalidade continua a ser o prato principal na mesa de um pensador. A simples erudição não enche barriga nem satisfaz o apetite voraz dos leitores [...] até mesmo a verdade é um ingrediente secundário, talvez até mesmo a cereja sobre o bolo”. (Gilles Lipovetsky, 1944).

Estamos vivendo a era do vazio, onde o individualismo toma conta dos indivíduos, e afinal, porque chama-los de indivíduos? São apenas sujeitos, pessoas, olhos e mentes, coração e pensamentos, bocas e sentimentos. São humanos. Entretanto, porque existe a dificuldade de socializar-se com esses tais? Socialização, palavra muito abordada, mas pouco compreendida por muitos que nela vivem. E a palavra Social? Para que serve? Pois esses “indivíduos” vivem suas individualidades, suas vontades, suas forças, suas metas, suas vaidades, e esquecem facilmente de suas vergonhas, seus problemas, suas fraquezas, suas limitações. Pessoas se sentem importantes nesse mundo vazio sem nada a conquistar, pois o nada está por vir. Sentimentos vazios. O perdão é sempre o último a ser convidado para a festa. Claro! Por que não festejar com a alegria, vontades, desejos e vaidades? Afinal tudo isso é como uma dança mais fácil e envolvente. Ninguém quer dançar com suas vergonhas, seus problemas e fracassos, entretanto, seria ótimo para essa tal “sociedade” convida-los para a festa. Para quê viver de aparências e tropeçar no meio do “salão da vida”? Para quê fugir daquilo que é a verdade, daquilo que dói? Se isso nos torna mais forte para o que está por vir? E o que esta por vir é o Nada. Hipocrisia? Palavra pouco abordada, mas a chove como tempestade no centro do mundo. Com tudo isso, por mim mesmo digo e responsabilizo-me, é difícil socializar-se. A sociedade da decepção. Vivem do achismo. Vivem do “aparentísmo”. Vivem do pouco pensar. Vivem do mais falar. O principal verbo desses tais é o SER. Eu serei. Serei eu. Eu sou. Sou eu. Todavia, o próximo está longe do caminho dessa tal “festa” individualista. Com tudo isso, novamente por mim mesmo digo e responsabilizo-me, é difícil socializar-se. Deixe-me como sou. Deixe-me como estou. Não vão me impor. A sociedade da decepção não tem moral. Estão presos dentro de uma caixa de acrílico transparente com o Aviso de “Perigo”, pronto para ser entregue a outro mundo, o mundo do Nada.