Sou do tempo

Sou do tempo do Ki-suco, ping-pong e balas juju.

Tempo da vitrola e disco de vinil.

Tempo dos bailinhos nas casas dos amigos.

Das cadeiras nas calçadas e os vizinhos conversando até altas horas,

quando domingo era feito de macarronada com frango assado, Programa Silvio Santos e Trapalhões.

Tempo em que as pessoas saiam de suas casas na ceia de natal e ano novo e iam nas casas dos vizinhos, deixando em suas casas ceia para todos os vizinhos que por ali passassem.

Tempo em que o dinheiro era cruzeiro e as brincadeiras de rua eram o grande momento de nossas vidas.

Sou do tempo da chinelada e da obediência.

Tempo em que se cantava o hino nacional e se aprendia educação moral e cívica.

Tempo em que pais educavam filhos e professores educavam alunos.

Sou do tempo do castigo escolar e dever de casa.

Tempo de estudar pra passar de ano e sentir a vitória de ter aprendido.

Tempo que desenhos animados eram em preto e branco e novelas contavam histórias decentes.

Sou do tempo do olho no olho,

das palavras faladas,

do passeio na praça,

Do respeito mútuo.

Sou do tempo em que fabricavam eletrodomésticos que seriam usados por décadas.

Tempo bom de brincar na enxurrada e na lama.

Ciranda cirandinha e balança caixão.

Pega pega e esconde esconde.

Tempo em que criança era criança e adulto era adulto.

Tempo de música boa e eterna.

Tempo em que se vivia a vida.

Tempo em que a comida era caseira e saborosa.

Tempo em que as pessoas tinham tempo para os seus.

Tempo de intensidade.

Tempo de serenidade.

Tempo de felicidade...

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11/10/2016

Márcia Magal
Enviado por Márcia Magal em 11/10/2016
Código do texto: T5788636
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