Passando a limpo
Sempre gostei de exatas,
apesar de minhas escolhas terem me conduzido a caminhos distantes da disciplina. Quando no pré-vestibular, passava horas após as aulas discutindo matemática com um professor. Aliás, interessante professor. Certa vez, vendo-me esboçar equações a lápis, ele chamou minha atenção, declarando que não deveríamos evitar a caneta, pois isto implicava um medo, uma hesitação. Na hora apenas sorri, considerando curiosa a observação.
Com o tempo, notei que a intervenção havia me arrebatado.
Consultando cadernos antigos, constatei que quando escrevemos a lápis, riscos e rabiscos, erros e acertos, se apagam!
Já com a caneta, ficam os registros, as lembranças nos discos e livros. Percebi então que o lápis traz uma falsa garantia, uma garantia-ilusão; que essa história de passar a limpo é furada, pois afinal, algo sempre nos escapa pela mão.